Mais de 11 mil cientistas de todo o mundo emitiram um alerta grave de que a humanidade precisa tomar medidas imediatas para mudar de forma profunda diversas atividades humanas a fim de evitar um "sofrimento incalculável devido à crise climática".
Em uma declaração publicada na revista BioScience na semana passada, os cientistas disseram que a Terra está enfrentando uma "emergência climática" e que, apesar dos contínuos alertas acerca do "progresso insuficiente" ao longo das últimas décadas, as emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando e provocando "cada vez mais consequências prejudiciais ao clima da Terra".
Eles escreveram: "É necessário aumentar muito o nível de esforço para preservar nossa biosfera a fim de evitar um sofrimento incalculável devido à crise climática".
O grupo, que conta com especialistas de 153 países, citou o aumento de populações humana e pecuária, produção de carne, produto interno bruto mundial, desmatamento florestal, viagens aéreas, consumo de combustível fóssil e emissões de dióxido de carbono como fatores que contribuíram para a crise.
Os cientistas disseram que foram encorajados pela redução registrada nos índices globais de fecundidade, pela desaceleração do desmatamento da floresta amazônica e pelo aumento do uso de energia solar e eólica. No entanto, eles também observaram que a redução dos índices de fecundidade desacelerou nos últimos anos e a taxa de desmatamento na Amazônia voltou a preocupar. E, apesar do aumento no consumo de fontes de energia mais limpas, o uso de energia solar e eólica ainda era 28 vezes menor do que o de combustíveis fósseis no ano passado.
"Apesar dos 40 anos de negociações climáticas globais, com poucas exceções, nós continuamos conduzindo os negócios como de costume e falhamos gravemente na abordagem dessa difícil situação", disseram os cientistas, acrescentando que a crise climática tem acelerado mais rápido do que se havia previsto anteriormente.
"É mais grave do que o previsto, ameaçando ecossistemas naturais e o destino da humanidade."
Em dois relatórios divulgados no início deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas detalhou como o aquecimento global já está alterando o clima e os ecossistemas da Terra, desde o aumento de ondas de calor e secas até o crescimento de ciclones tropicais.
De acordo com o relatório de setembro sobre sistemas marítimos e de gelo, o aquecimento do oceano provocará ciclones tropicais mais frequentes e aumentará tanto os riscos de inundações em cidades costeiras e comunidades ilhoas de baixa altitude que algumas ilhas podem se tornar inabitáveis.
Na declaração, os cientistas apelaram para que governos, empresas e pessoas tomem seis atitudes a fim de diminuir os efeitos da mudança climática:
- Substituir combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas e buscar emissões negativas por meio de tecnologias de extração e captura de carbono.
- Reduzir emissões de poluentes como metano, fuligem e hidrofluorcarbonetos.
- Proteger e recuperar recifes de coral, florestas, savanas, pântanos e outros ecossistemas da Terra que ajudam a armazenar carbono.
- Reduzir o consumo de carne e outros produtos animais, substituindo-os por alimentos à base de plantas.
- Alterar as metas econômicas do crescimento do PIB para a sustentabilidade e priorizar a redução da desigualdade.
- Reduzir os índices de fecundidade para diminuir os impactos do crescimento populacional nas emissões.
'"Atenuar e adaptar-se às mudanças climáticas, honrando a diversidade dos seres humanos, requer grandes transformações na forma como nossa sociedade global funciona e interage com ecossistemas naturais", disseram os cientistas.
"Acreditamos que as perspectivas serão melhores se os responsáveis pelas decisões e toda a humanidade responderem prontamente a esse alerta e declaração de emergência climática e agirem para preservar a vida no planeta Terra, nossa única casa."
Este post foi traduzido do inglês.