O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse a seus funcionários que banir o TikTok nos Estados Unidos abriria "um precedente realmente negativo a longo prazo".
Em fala durante a reunião geral da rede social, o fundador bilionário do Facebook foi solicitado a abordar as negociações da aquisição do TikTok, o famoso aplicativo de vídeo pertencente à empresa chinesa ByteDance, pela Microsoft. O presidente americano Donald Trump ameaçou banir o aplicativo dos Estados Unidos a menos que uma empresa aceitável o comprasse. Os funcionários do Facebook quiseram saber se a rede social estava interessada em adquirir o aplicativo de vídeos em formato curto, identificado anteriormente por Zuckerberg como um concorrente.
Em sua resposta, Zuckerberg disse que nunca comenta sobre a estratégia de fusão e aquisição da empresa durante reuniões gerais, mas acabou falando sobre o que chamou de "circunstância extraordinária" do TikTok.
"Estou realmente preocupado... isso poderia muito bem ter consequências de longo prazo em outros países ao redor do mundo".
"Apenas penso que seja um precedente realmente negativo a longo prazo, e que precisa ser tratado com todo o cuidado e seriedade, independentemente de qual seja a solução", disse Zuckerberg. "Estou realmente preocupado... isso poderia muito bem ter consequências de longo prazo em outros países ao redor do mundo".
Qualquer acordo entre a ByteDance e a Microsoft precisa ser concluído antes de 15 de setembro, a data proposta por Trump para banir o aplicativo.
Embora Zuckerberg tenha observado que o TikTok, banido na Índia em junho, esteja sendo atingido agora, ele aludiu à ideia de que um produto do Facebook poderia se tornar um alvo para outro país futuramente. Contudo, ele disse que compreende a preocupação do governo Trump com a segurança nacional.
"Certamente penso que haja questões válidas de segurança nacional quanto a haver um aplicativo que possui um monte de dados pessoais e que segue as regras de outro país, um governo que cada vez mais é visto como concorrente", disse Zuckerberg.
Seus comentários foram feitos após o Facebook perder a esperança de levar a maior rede social do mundo ao país mais populoso do mundo. Embora Zuckerberg tenha passado anos tentando convencer o presidente Xi Jinping e o governo chinês a permitir que o Facebook se expanda dentro do país, essas tentativas foram interrompidas enquanto Zuckerberg tenta moldar sua empresa como uma história americana de sucesso para afastar as autoridades reguladoras.
Quanto à concorrência, Zuckerberg, que anteriormente havia pensado em adquirir o Musical.ly, o antecessor do TikTok, disse que banir o TikTok seria apenas moderadamente benéfico. Na quarta-feira o Instagram, que pertence ao Facebook, lançou o Reels, seu clone do TikTok, nos Estados Unidos.
"Há muitas pessoas por aí dizendo que isso ajuda o Facebook, e a minha reação a isso é de que é apenas no sentido mais limitado", ele disse. "Sim, eles são concorrentes neste ano e neste mês, talvez nosso engajamento aumente no mês que vem. Talvez isso torne o Reels um pouco mais fácil de implementar. Mas não se dirige uma empresa pensando só no próximo mês, ou no próximo trimestre".
Os comentários de Zuckerberg contradizem as declarações passadas da empresa sobre o TikTok. Em julho de 2019, durante uma audiência do Comitê Judiciário da Câmara dos Estados Unidos, um representante do Facebook disse que o TikTok era um de seus principais concorrentes.
No mês passado, durante uma audiência com membros do subcomitê antimonopolista da Câmara, da qual também participaram Jeff Bezos, Tim Cook e Sundar Pichai, os respectivos CEOs da Amazon, da Apple e do Google, Zuckerberg mencionou o TikTok como motivo pelo qual o Facebook não monopolizava as redes sociais.
"O serviço de envio de mensagens mais usado nos EUA é o iMessage", disse Zuckerberg em seus comentários iniciais. "O aplicativo que cresce mais rápido é o TikTok. O aplicativo mais usado para vídeos é o YouTube. A plataforma de anúncios que cresce mais rápido é a Amazon. A maior plataforma de anúncios é o Google."
Este post foi traduzido do inglês.