NOVA DÉLI — Uma vítima de estupro de 23 anos na Índia foi incendiada ontem (5) por cinco homens, incluindo seus supostos estupradores, enquanto estava a caminho do tribunal.
Em março, a mulher havia acusado dois homens de seu vilarejo de estupro – e um deles de filmar o crime. Tanto a mulher quanto seus agressores são de Unnao, um distrito no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia.
Na época em que ela deveria se apresentar para uma audiência sobre o caso no tribunal, um dos homens que ela acusou estava foragido da polícia, e o outro foi solto sob fiança na semana passada. Cinco homens, incluindo os dois acusados de estupro, foram presos por envolvimento com o ataque de ontem, de acordo com um comunicado da polícia.
Praveen Kumar, IG Law&Order on incident in which a woman was set ablaze in Bihar area of Unnao: All 5 accused have been arrested.The case is being handled under Inspector-General of police(Lucknow range).Strict action will be ensured through fast track investigation & prosecution
Uma testemunha disse ao canal de notícias iNDTV que a mulher caminhou pedindo ajuda enquanto ainda estava em chamas. Foi só quando ela chegou a um grupo de observadores que um deles telefonou para a polícia pedindo ajuda.
Os médicos que a atenderam disseram ao Times of India que a mulher, embora consciente, está em condição crítica e sofreu queimaduras em 90% do corpo. Ela será transferida para um hospital maior em Nova Déli.
Esse incidente é o mais recente de uma série implacável de ataques contra mulheres indianas. Na semana passada, no sul da Índia, uma veterinária foi estuprada e queimada até a morte por homens que primeiro esvaziaram o pneu do carro dela e, depois, se ofereceram para ajudá-la.
This is no country for women. This truly isnt. Doesn’t matter whether you are a working woman in a city like Hyderabad or a girl in Unnao, the state cannot and will not keep you secure. https://t.co/RChiScrw2L
Esse também é o segundo caso em que mulheres sofreram consequências por denunciarem um estupro no distrito de Unnao.
Em 2018, uma jovem de 17 anos tentou atear fogo ao próprio corpo em Unnao depois de acusar um ex-membro do partido Bharatiya Janata de agredi-la em 2017.
Após sua queixa, ela alegou que seu pai, que estava na prisão por outro motivo, foi espancado até a morte sob custódia judicial pelo homem que a estuprou.
Desde então, a mulher e sua família se mudaram de Uttar Pradesh, visto que a Agência Central de Investigação da Índia afirmou que elas podem estar sob o "mais alto nível de ameaça".
Every time a rape happens, we outrage, demand punishment for the rapist. Few days later, we forget it. Don’t follow up. We wait until next rape to outrage. What happened to Kathua? What happened in Unnao?
Depois da mais recente série de ataques, muitos indianos começaram a exigir punições extremas por estupro, incluindo pena de morte e castração química, como aconteceu depois do brutal estupro em grupo e assassinato em 2012, quando uma estudante foi atacada em um ônibus em Nova Déli.
No entanto, há pouca evidência de que essas medidas tenham evitado casos de violência sexual no resto do mundo — alguns até argumentam que as punições extremas para estupradores aumentam as chances de as mulheres serem mortas durante o estupro, para que não possam testemunhar contra seus agressores.
Protesters outside Shadnagar Police Station, where four suspects are being held, are calling for capital punishment after the alleged rape and murder of a woman in Hyderabad. https://t.co/Dpoz7IvvFZ
Depois de 2012, as leis ficaram mais rígidas, abrangendo uma ampla gama de abusos, e foram introduzidas punições e diretrizes mais rigorosas para coletar e examinar provas em casos de estupro.
No entanto, na prática, a Índia ainda está lutando para treinar sua força policial limitada e sobrecarregada e serviços judiciais para lidar com casos de agressão de forma rápida, sensível e eficaz.
Até o fim de 2016, última vez em que foram divulgados dados de crimes no país, mais de 133 mil casos de estupro ainda estavam pendentes.
Este post foi traduzido do inglês.