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Fomos ouvir o que algumas mulheres fora da sua bolha têm a dizer sobre Bolsonaro

Candidato do PSL é o mais rejeitado entre as eleitoras, sobretudo as que ganham menos: só 14% dessa parte do eleitorado feminino escolhe Bolsonaro.

Ainda internado em São Paulo, onde se recupera da facada que recebeu em campanha, Jair Bolsonaro (PSL) é líder isolado nas pesquisas para presidente, mas tem entre mulheres de baixa renda seu mais baixo índice de adesão, segundo a pesquisa Datafolha desta semana: enquanto 26% dos homens que ganham até dois salários mínimos votariam nele, o número cai para 14% entre as mulheres.

Veja abaixo o que algumas dessas mulheres têm a dizer sobre Bolsonaro.

Os adversários do capitão da reserva têm explorado na campanha eleitoral declarações agressivas dele contra mulheres. Geraldo Alckmin (PSDB), que tem a maior aliança partidária e, consequentemente, maior tempo de propaganda na TV, exibiu uma peça que mostra Bolsonaro discutindo com uma repórter ("você é uma idiota!") e com a deputada petista Maria do Rosário ("vagabunda!").

A estratégia não resultou em aumento na intenção de votos para Alckmin, que, com 9%, está em quarto lugar no Datafolha concluído na última quarta-feira, atrás de Bolsonaro (28%), Fernando Haddad (16%), do PT, e Ciro Gomes (13%), do PDT.

O índice de intenção de votos de Bolsonaro vem crescendo. Mas ele tem a maior taxa de rejeição entre os candidatos: 43%. Quando se trata de mulheres, a taxa é de 49% (contra 37% entre os homens). Sua rejeição entre os mais pobres também é maior: 48%.

Elizandra Cerqueira, 30, presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis

"Nós fazemos parte de um país em que mais da metade da população é composta de mulheres, de pessoas de baixa renda. É um país afro. As propostas de governo dele não condizem com essa parcela da população. Temos muito receio de eleger um presidente cujo principal projeto de governo é a legalização da posse de arma de fogo. Estamos no ranking dos países que mais matam jovens negros, que mais cometem feminicídio. O que mais desgosto dele é esse jeito fascista, essa falta de compostura. Ele é um candidato que não consegue debater a divergência. Por ser mulher, de periferia, por ter muitos amigos LGBT, eu fico assustada com sua postura machista, com sua falta de proposta de governo. Também me assustam as referências que ele tem na política. Ele faz muita referência a torturadores da ditadura militar."

Maria Elvira da Silva, 60, aposentada, de Guarulhos

"Eu estava pensando em votar no Alckmin, mas meu filho me pediu: mãe, dá o voto para o Bolsonaro. Acho que vou dar o voto para ele. Decidi agora. Eu acompanho pouco, vou acompanhar mais. Mas meu filho me falou que ele defende a família. É importante para mim, eu sou evangélica. Nunca votei no Lula nem na Dilma. Votei no Serra, no Alckmin, no Aécio. Ia votar no Alckmin porque acho que ele fez coisas por São Paulo. Mas desta vez vou votar no Bolsonaro."

Marina Faustino, 36, artesã, do Capão Redondo

"Venho de uma família só de mulheres. Criei meu filho, que é hoje quem está sustentando a casa, trabalhando como confeiteiro de madrugada. Para mim, é 'ele não'. Ele é racista, machista, preconceituoso. O tipo de proposta que ele tem não é para as pessoas. Acho que, se ele ganhar, vai piorar o mercado de trabalho para as mulheres, os negros e os homossexuais. Também é muito ruim isso das armas. Você acha que alguém da minha comunidade vai ter dinheiro para comprar arma? E como as pessoas pensam que vai ser? Que entra um ladrão em casa, elas matam, depois joga um balde de água no chão, limpam? Eu acho que é muito triste você trabalhar e ser roubado, comprar um carro, pagar duas prestações e ter ele roubado, o celular. Mas triste é ter pessoas que acreditam que isso, das armas, vai dar certo. Eu pago o governo para me proteger e não tenho de fazer o trabalho dele."

M.T.L., 56, administradora, de Diadema

"O que o povo critica nele é o que eu gosto. Ele é a favor da família, que hoje está destruída. Isso que aconteceu com ele [a agressão com facada] vai fazer com que ele ajude mais na questão da segurança. Ele tem uma família, ele usa as palavras de Deus. É que a maneira com que ele fala é que as pessoas levam para o lado errado. Nós como evangélicos devemos votar nele, ver bem o que escolher. Porque ele é a mudança que nós temos que ter. Lá em Diadema é muito PT. Eu voto contra o PT. Na minha casa, está dividido. Então eu não queria me expor."

Deury Silva, 19, ajudante-geral, de Embu das Artes

"Não sei em quem vou votar, é minha primeira vez, não votaria no Bolsonaro. Acho que às vezes o que atrapalha é o jeito dele com as pessoas, xingando as mulheres. Não votaria nele por causa disso, de xingar as mulheres. Parece que ele é um pouco a favor da agressão. Moro com a minha mãe. Estou sem emprego fixo, ganhando uns R$ 200 por mês."

Simone Santos, 35, auxiliar de cozinha, de Cotia

"Sou mãe de 4 filhos. Sou auxiliar de cozinha, mas estou desempregada, então faço bicos. Queria votar no Lula, agora não tenho candidato. Só não voto no Bolsonaro. Acho que é mais o preconceito dele que abala um pouco. E também não voto por causa do porte de arma. As pessoas têm uma imagem muito ruim dele. Tem gente que fala que ele vai afundar ainda mais o país. Na minha região, tem muita mulher que vota no Bolsonaro. Às vezes dá confusão."

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