Como foi assistir ao Super Bowl em quarentena por causa do coronavírus

    O grupo de evacuados foi posto em quarentena obrigatória de 14 dias, começando na data em que eles saíram de Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus na China.

    Era como qualquer outra festa nos Estados Unidos para assistir ao Super Bowl: um grupo grande de pessoas torciam pelos seus times em frente a duas telas grandes de televisão enquanto bebiam e comiam pizza, bolos e batatinhas com salsa.

    Mas as pessoas neste dia ensolarado na Califórnia estavam sendo cautelosas; algumas usavam máscaras e evitavam contato físico. Esses espectadores do Super Bowl estavam todos em uma quarentena obrigatória de 14 dias em uma base militar depois de terem sido evacuados de Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus na China.

    Jarred Evans, um jogador de futebol americano de 27 anos que joga no Wuhan Berserkers, time da Liga Nacional de Futebol Americano Chinesa, agora é um dos 195 evacuados hospedados em uma pousada na Base de Reserva Aérea March em Riverside, na Califórnia. Evans, que no domingo torcia pelo Kansas City Chiefs, disse ao BuzzFeed News que a festa do Super Bowl ajudou muito a elevar o moral do grupo de evacuados.

    Membros do grupo — composto de pessoa do governo dos EUA e cidadãos americanos e suas famílias — estavam conversando e conhecendo uns aos outros enquanto permaneciam sentados nas cadeiras postas no gramado da base. Outros ajudavam uns aos outros em uma fileira de petiscos para o Super Bowl arrumados em mesas longas. As pessoas estavam torcendo pelos seus times, disse Evans, e havia a competição saudável comum que vinha junto com grandes eventos esportivos.

    Levando em conta a situação, ele disse: "Foi uma ótima festa do Super Bowl". Ele acrescentou: "Todos estavam relaxados. Aquilo nos trouxe de volta para a realidade de que as coisas iam ficar bem".

    Courtesy of Jarred Evans

    Jarred Evans gravou um vídeo se preparando para assistir ao Super Bowl na Base de Reserva Aérea March, na Califórnia

    Em 29 de janeiro, Evans conseguiu um lugar no voo fretado pela Secretaria de Estado dos EUA para evacuar cerca de 210 pessoas da China para os EUA.

    Inicialmente, os evacuados estiveram em uma quarentena voluntária de três dias na base, que foi quando eles passaram por uma triagem e foram avaliados por uma equipe de médicos do CDC (Centro de Controle de Doenças). Mas depois que a Organização Mundial de Saúde declarou que a epidemia do coronavírus é uma emergência de saúde global, os evacuados foram postos em uma quarentena obrigatória de 14 dias, começando na data em que eles saíram de Wuhan.

    Evans disse que ficou em choque quando ficou sabendo da quarentena obrigatória. Ele queria ir para casa. Nos seis meses do ano em que não joga em Wuhan, ele mora em Miami (EUA).

    Entretanto, disse ele, todos os evacuados aceitaram definitivamente a mudança de planos e compreenderam a gravidade da situação.

    "Não é uma gripe comum", disse ele. "Não queremos que ninguém aqui vá para casa podendo ter o coronavírus e passá-lo para amigos, familiares e, por fim, para as suas respectivas comunidades".

    Na sexta-feira, a administração de Trump declarou que a epidemia do coronavírus é uma emergência de saúde pública global, impondo quarentena para todos os cidadãos americanos que viajam de volta do epicentro da doença, na província de Hubei, na China. O governo americano também proibiu a entrada de cidadãos estrangeiros (exceto parentes de cidadãos americanos e residentes permanentes) que viajam da China para entrar nos EUA. Há 20.438 casos confirmados de pessoas infectadas pelo vírus globalmente, das quais 17.205 foram diagnosticadas na China. A epidemia matou 425 pessoas até agora, das quais relata-se que somente uma foi de fora da China, nas Filipinas.

    O Pentágono disse na segunda-feira que identificou quatro bases com apoio habitacional para até 1.000 pessoas que precisem entrar em quarentena após a sua chegada nos EUA. As quatro bases incluem o 168º Instituto de Treinamento Regional de Regimentos em Fort Carson, no Colorado; A Base de Força Aérea Travis e Estação Aérea de Fuzileiros Navais Miramar, na Califórnia; e a Base da Força Aérea Lackland, no Texas.

    Evans disse que o seu conselho para os outros que possam passar por quarentena em qualquer uma das bases é criar uma rotina.

    Ele levanta às 5h da manhã e sai para correr. Depois, ele se junta aos outros evacuados para tomar café da manhã com ovos, bacon, batatas, suco de laranja e café. Eles também medem as suas temperaturas de manhã. Depois, ele volta para o seu quarto e geralmente assiste à TV. A hora do almoço é por volta do meio-dia. Depois, Evans se exercita pela segunda vez na academia. O resto da noite se passa aproveitando o sol da Califórnia. As pessoas geralmente jogam cartas, enquanto as crianças andam de bicicleta pelo terreno, disse ele. Os evacuados medem novamente as suas temperaturas à noite. O jantar é por volta das 18h, seguido de mais TV, e depois, é hora de dormir. No geral, disse Evans, os quartos eram confortáveis, e a escolha da comida era boa.

    "Eu sou abençoado em estar aqui na América, mesmo que esteja em quarentena, porque poderia ser muito pior", disse ele. "Poderia ser na China, em um centro epidêmico, e eu poderia estar em quarentena e com pouca comida."

    Evans disse que foi assustador estar em Wuhan durante a epidemia porque ele não fala nem lê chinês.

    "Eu estava em modo de sobrevivência", disse ele.

    Ele estocou comida e água porque não sabia por quanto tempo ficaria trancado em casa. Qualquer informação que ele recebia vinha dos seus amigos chineses; um deles o alertou sobre o voo da Secretaria de Estado evacuando cidadãos americanos da China.

    Quando for liberado da base, Evans tem dois planos: dar um pulo na academia e ir para a Carolina do Norte. O atleta disse que tinha um objetivo importante lá: "receber um abraço da minha mãe".

    Este post foi traduzido do inglês.

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