• newsbr badge

Os principais pontos da entrevista de Bolsonaro ao Datena

Líder nas pesquisas, o candidato do PSL voltou a colocar suspeição sobre as urnas eletrônicas e disse que, se Fernando Haddad vencer, Lula será solto.

Em entrevista a José Luiz Datena, na Band, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta sexta (28) que não reconhecerá o resultado das eleições caso não seja o vencedor. "Eu não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição."

De acordo com Bolsonaro, só há uma chance de o PT voltar ao poder com o candidato Fernando Haddad: por meio de fraude nas urnas eletrônicas. “Para o PT voltar, só na fraude, e não temos como auditar [as urnas]. Para o PT ganhar, só na fraude”, afirmou.

Conforme o Ibope, um dos principais pesquisas eleitorais, Bolsonaro lidera as intenções de voto com 27%, seguido por Haddad, o escolhido de Lula, com 21%. Se a tendência se confirmar, eles disputarão o segundo turno.

Bolsonaro candidato disse ainda que não desconfia dos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas levantou suspeitas sobre profissionais que atuam dentro do órgão.

“Não desconfio dos ministros do TSE, pois eles não tem capacidade de hackers. Mas desconfio de alguns profissionais dentro do TSE”, acusou.

Utilizadas no Brasil desde os anos 1990, as urnas eletrônicas alimentam teorias da conspiração e se tornaram uma obsessão do candidato e de seus seguidores, embora não existam provas contra a integridade da votação.

Bolsonaro ainda alegou que, com uma vitória de Haddad, o ex-presidente Lula sairia da cadeia e assumiria um cargo na Esplanada dos Ministérios.

"O Haddad é um poste do Lula. Está na cara que se Haddad ganhar eleição o Lula será ministro da Casa Civil ou da Defesa."

Engrossando a própria teoria contra as urnas eletrônicas, Bolsonaro aproveitou para dizer que Lula não aceitaria ser preso se não estivesse em curso um plano de sabotagem eleitoral.

"Você, Datena, se fosse o Lula, aceitaria ir para a cadeia sem ter um plano B no bolso?", perguntou ao entrevistador. E disse que o "plano B" é a fraude eleitoral.

Indagado sobre se teria o apoio dos militares em um cenário de derrota eleitoral, Bolsonaro disse, em tom enigmático, que não fala pelo comando das Forças Armadas.

A entrevista a Datena ocorreu no mesmo dia que a revista Veja trouxe detalhes de um processo de divórcio litigioso no curso do qual uma das ex-mulheres de Bolsonaro, Anna Cristina Valle, o acusou de furtar joias e dinheiro de um cofre de banco, e ameaçá-la.

"A própria ex-mulher desmente muita coisa. [Em] uma separação é comum ter problemas, é litigiosa, e cotoveladas acontecem de todas as partes", disse.

“Ali tem partilha de bens, a guarda dos filhos, e ela diz claramente que sangue quente fala-se coisas que não existem. É acusação de uma pessoa que ela mesmo diz que não aconteceu”, completou.

Datena não aprofundou os questionamentos sobre a acusação.

Mourão foi enquadrado depois de criticar o 13º


Bolsonaro também deixou claro que, após as declarações de seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), determinou que ele fique quieto até o dia das eleições.

Mourão criou uma crise interna na campanha ao criticar, em dois eventos, o pagamento de 13º salário aos trabalhadores – o que tende a afastar eleitores mais pobres – e ao defender a renegociação da dívida pública – o que horroriza o setor financeiro.

"Falei, sim, para ele ficar quieto", contou Bolsonaro. E depois continuou reclamando: "Vice não apita nada e atrapalha muito."

Sobre sua saúde, o candidato disse que ficará em casa pelo menos até o dia 10, indicando que não participará dos debates da Record e da Globo no primeiro turno. Deve ir, no entanto, nos eventos de um eventual segundo turno.

Apesar de admitir a participação numa segunda etapa das eleições, Bolsonaro destacou que não acredita em pesquisas, que não encontra eleitores de outros candidatos nas ruas e que será eleito na primeira fase do pleito.

Repercussão interna na campanha

Além da entrevista com Datena, esta sexta-feira foi tensa para a campanha de Bolsonaro devido aos últimos episódios envolvendo o general Mourão e a revista Veja.

Na chamada “ala dos generais” da campanha (os militares), houve uma tentativa de amenizar o impacto da reportagem da semanal.

O grupo, em conversas internas, alega que a reportagem trata de um caso antigo, uma briga entre ex-marido e ex-mulher, em que há exageros e, por isso, não se poderia dar credibilidade aos relatos de Ana Cristina.

A reportagem também fez com que a “ala dos generais” acentuasse sua postura crítica à imprensa. Para ela, há um direcionamento claro contra Bolsonaro em parte da mídia.

Além de Veja, esta ala da campanha também se exaltou com outro fato nesta sexta-feira: a autorização dada pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski para que Lula conceda uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Tal situação, unida às declarações do vice de Bolsonaro contra o 13º salário e adicional de férias, acabou por funcionar como um freio nos mais entusiastas da campanha, que acreditavam até mesmo numa vitória no primeiro turno.

Nessas conversas reservadas, não é rara a admissão de que há uma possibilidade real de derrota de Bolsonaro para quem for ao segundo turno contra ele. O nome mais citado neste caso é o do petista Haddad.

Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.