O jornalista americano Jorge Ramos e a equipe de reportagem da Univision que o acompanhou na Venezuela foram detidos contra sua vontade em Caracas depois de entrevistar o presidente Nicolás Maduro.
A Univision, a maior rede de TV dos EUA em língua espanhola, confirmou no Twitter a detenção, dizendo que Maduro "não gostou das perguntas" do âncora.
O Departamento de Estado dos EUA condenou a detenção de Ramos, que é jornalista da Univision desde 1987 e entrevistou vários chefes de Estado em sua carreira, incluindo presidentes dos Estados Unidos.
"@Jorgeramosnews e sua equipe estão sendo mantidos contra a vontade no Palácio de Miraflores por Nicolás Maduro", tuitou ontem Kimberly Breier, secretária-adjunta de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental. "Nós insistimos em sua libertação imediata; o mundo está assistindo."
O México também emitiu uma declaração denunciando as ações da Venezuela e instou o governo venezuelano a devolver o equipamento e as gravações da entrevista feitos pelos jornalistas.
Ramos tem dupla cidadania americana e mexicana.
Ramos e sua equipe foram libertados pouco tempo depois, mas, de acordo com a Univision, o equipamento dos jornalistas e partes do registro da entrevista foram confiscados pelo governo venezuelano.
Entre os detidos no palácio presidencial da Venezuela estavam as produtoras Maria Martinez Guzman e Claudia Rondon, relatou a Univision News. Os cinegrafistas Juan Carlos Guzman e Martin Guzman também foram detidos.
"Eles roubaram nosso trabalho, eles roubaram nosso equipamento ", disse Ramos à Univision por telefone na noite de segunda-feira em uma entrevista à emissora. "Eles não querem que o mundo veja o que acontece quando seu líder é questionado.”
Ramos já havia criticado publicado Nicolás Maduro e chamado seu governo de ditadura.
Ramos disse que perguntou a Maduro sobre críticas de que ele estava governando como um ditador e sobre o encarceramento de presos políticos por seu regime. Mas o que provocou o fim repentino da entrevista, segundo o jornalista, foi quando ele mostrou a Maduro um vídeo de celular em que um grupo de rapazes aparece pegando restos de comida em um caminhão de lixo.
"Ele tentou tapar o vídeo com a mão, e se levantou e foi embora", disse Ramos.
Ramos disse que ele e sua equipe foram colocados em salas separadas, e seus equipamentos e celulares pessoais foram confiscados.
"Nós não temos nada", disse Ramos sobre o que restou de sua entrevista com Maduro. "Nada."
Aproximadamente duas horas depois, a equipe foi libertada, disse Ramos.
Minutos depois que a notícia da detenção foi divulgada, Daniel Coronell, presidente da divisão de notícias da Univision, tuitou que havia falado com Ramos e que a equipe tinha permissão para deixar o palácio presidencial.
Seu equipamento e "o material da entrevista que Nicolás Maduro não gostou", no entanto, foram confiscados.
Este post foi traduzido do inglês.