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Ele vendeu o WhatsApp para o Facebook por US$ 19 bi. Agora aconselha: "delete o Facebook"

“Eles tentam decidir o que é discurso de ódio e o que não é discurso de ódio... Essas empresas não estão preparadas para tomar essas decisões.”

Cofundador do WhatsApp, Brian Acton defendeu ontem, em rara aparição pública na Universidade de Stanford, a decisão de vender a empresa para o Facebook por US$ 19 bilhões e encorajou estudantes a deletar suas contas na rede social.

Acton, um ex-aluno de Stanford de 47 anos, falou sobre os fundamentos da fundação do WhatsApp e sua fatídica decisão de vendê-lo ao Facebook em 2014.

"Eu tinha 50 funcionários e tinha que pensar neles e no dinheiro que eles conseguiriam com essa venda. Eu tinha que pensar em nossos investidores e tinha que pensar na minha participação minoritária. Ou seja, eu não tinha como dizer não nem mesmo se eu quisesse", disse Acton.

Apesar de vender o WhatsApp em um negócio que o tornou multibilionário, Acton nunca escondeu o que pensa do Facebook. Ele saiu da empresa em novembro de 2017, após três anos, na esteira do clima de tensão que se instalou com a introdução de anúncios na plataforma de mensagens, algo a que ele e o cofundador Jan Koum se opunham veementemente. (Koum anunciou que deixaria o Facebook em abril passado, em meio a relatos de que discordava dos planos da empresa de monetizar o WhatsApp e da política da companhia de Mark Zuckerberg sobre o uso de dados e privacidade dos usuários.)

Em março de 2018, após o escândalo de vazamento de dados do Facebook envolvendo a empresa de consultoria política Cambridge Analytica, Acton tuitou um apelo a seus seguidores: “#deletefacebook”.

A aparição de quarta-feira foi apenas a segunda vez que Acton falou publicamente sobre a deterioração de seu relacionamento com a rede social e seu CEO, Mark Zuckerberg. Acton disse à Forbes, em setembro, que o Facebook definiu metas para o WhatsApp atingir um faturamento de US$ 10 bilhões em cinco anos de geração de receita com anúncios e oferecendo a empresas formas de comunicação direta com os usuários.

"A busca do lucro capitalista, ou o atendimento das exigências de Wall Street, é o que está levando ao aumento da invasão de dados privados e ao aumento de muitos fatores negativos com os quais não estamos satisfeitos", disse ele.

Ao vender o WhatsApp para o Facebook, Acton disse que tinha certa ingenuidade na época, imaginando que ele e Koum poderiam continuar fazendo as coisas do jeito deles e criando uma maneira de diversificar a receita. Ele disse que pressionou por um "modelo de serviço", possivelmente cobrando dos usuários do WhatsApp uma pequena taxa para usar o aplicativo — como a empresa fez em seus primeiros anos — para combater o uso da tradicional fonte de receita do Facebook: os anúncios. Em vez de sugar os dados do usuário para ajudar os anunciantes a segmentar anúncios, Acton e Koum esperavam que esse "modelo de serviço" pudesse alinhar seus interesses com a necessidade de privacidade e segurança dos usuários.

"O modelo de negócios do WhatsApp era: daremos a você um serviço por um ano por um dólar", disse ele. “Não era extraordinariamente lucrativo, e se você tem um bilhão de usuários... você terá US $ 1 bilhão em faturamento por ano. Não é isso que o Google e o Facebook querem. Eles querem multibilhões de dólares.”

Um porta-voz do WhatsApp não quis comentar as declarações de Acton.

Sobre as conseqüências negativas de uma plataforma não moderada, como a facilidade de disseminação de fake news e de incitação à violência, Acton continuou defendendo que é melhor não interferir. "Acho impossível", disse ele quando questionado sobre a moderação de conteúdo. “Para ser brutalmente honesto, as redes com curadoria — as redes abertas — tentam decidir o que é discurso de ódio e o que não é discurso de ódio... A Apple se esforça para decidir o que é um bom aplicativo e o que é um aplicativo ruim. O Google tenta definir o que é um bom site e o que é um site ruim. Essas empresas não estão preparadas para tomar essas decisões ”.

"E nós damos a eles o poder", continuou ele. “Essa é a parte ruim. Nós compramos seus produtos. Nós nos inscrevemos nesses sites. Delete o Facebook, tá bom?

Este post foi traduzido do inglês.

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