O Google planeja lançar uma versão censurada de seu motor de busca na China, país que a empresa deixou em 2010 citando restrições de liberdade de expressão por parte do governo autoritário chinês, segundo reportagem publicada pelo site Intercept.
De acordo com a reportagem, o Google trabalha em uma versão censurada de seu motor de busca na forma de um app para Android para o mercado chinês desde 2017 e pode fazer seu lançamento no país nos próximos seis a nove meses, depois de obter aprovação das autoridades chinesas.
O acesso à internet no país é fortemente controlado pelo Partido Comunista da China, que é liderado pelo presidente Xi Jinping. Entre outros, o governo chinês bloqueia sites que falam sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989; livros como "A Revolução dos Bichos" e "1984", de George Orwell; plataformas de mídia social como Facebook, Twitter e Instagram; e jornais e agências de notícias como The New York Times, The Wall Street Journal e BBC.
A reportagem do Intercept afirma que o aplicativo de busca do Google na China identificará e filtrará automaticamente sites banidos pelo governo chinês. A empresa incluirá um aviso legal em sua página de resultados de busca alertando que "alguns resultados podem ter sido removidos devido a requisitos legais". O app também vai "inserir buscas sensíveis em listas negras", para que "nenhum resultado seja exibido" quando os usuários inserirem determinadas palavras ou frases.
"Nós fornecemos uma série de aplicativos móveis na China, como o Google Tradutor e o Files Go, ajudamos desenvolvedores chineses e fizemos investimentos significativos em empresas chinesas como a JD.com. No entanto, não iremos comentar sobre especulações de planos futuros," disse um porta-voz do Google ao BuzzFeed News.
O funcionário do Google que forneceu ao Intercept os documentos que esboçam os planos da empresa na China disse à publicação que decidiu vazar a informação por preocupações morais e éticas sobre a intenção do Google de trabalhar com um regime autoritário para censurar a liberdade de expressão. "O que é feito na China vai se tornar um modelo para muitas outras nações", disse o informante.
O Google vem aumentando sua participação na China, um grande e importante mercado com mais de 700 milhões de usuários de internet, nos últimos anos. Em 2016, o CEO do Google, Sundar Pichai, disse: "Minha preocupação é servir usuários em todos os cantos do mundo. O Google é para todos. Nós queremos estar na China servindo aos usuários chineses". Em dezembro de 2017, o Google anunciou que estava lançando um centro de pesquisa de inteligência artificial em Pequim. Além disso, no início desde ano, a empresa lançou um app de gerenciamento de arquivos para usuários de Android da China e um jogo para o WeChat, a maior e mais popular plataforma de mídia social do país.
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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.