Quando o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, depôs perante o Congresso dos EUA em abril, após o escândalo da Cambridge Analytica, ele disse que mandaria sua equipe responder às perguntas que ele não conseguiu esclarecer por completo durante a audiência.
Nesta semana, o Congresso divulgou um extenso documento com as respostas escritas para aquelas perguntas.
As respostas são um ótimo lembrete de que o Facebook registra diversas informações a seu respeito, incluindo:
1. informações sobre "computadores, telefones, TVs e outros dispositivos conectados à rede", além de seu "serviço de provedor de internet e a operadora de seu celular"
2. "movimentos do mouse" do seu computador
3. "nomes e arquivos de aplicativos" (e os tipos de arquivos) de seus dispositivos
4. se a janela do navegador com o Facebook aberto está em primeiro ou segundo plano, além do tempo, da frequência e da duração das suas atividades ali
5. informações a respeito "dos pontos de Wi-Fi, sinalizadores, torres de celular próximas" e "a intensidade do sinal", o que permite triangular a sua localização ("informações de conexão, como o seu endereço de IP ou conexão Wi-Fi e informações específicas de localização, como o sinal de GPS do seu dispositivo, que nos informam onde você está", disse um porta-voz do Facebook.)
6. informações "sobre outros dispositivos que estão próximos ou na mesma rede"
7. "nível da bateria"
8. "capacidade de armazenamento disponível"
9. "plugins" instalados
10. "velocidade da conexão"
11. "compras que [usuários] fazem" em sites fora do Facebook
12. informações de contatos "como lista de contatos" e, para usuários Android, "histórico do registro de ligações ou SMS" caso esteja sincronizado, para encontrar "pessoas que eles possam conhecer" (veja aqui como desativar o upload de contatos ou apagar os contatos que já foram enviados.)
13. informações "sobre como os usuários usam os recursos da nossa câmera" (o porta-voz do Facebook explicou: "para fornecer recursos como efeitos de câmera, recebemos o que você vê através da sua lente, enviamos para nosso servidor e geramos uma máscara/filtro").
14. a "localização de uma foto ou a data em que um arquivo foi criado" por meio dos metadados do arquivo
15. informações por meio das configurações do seu dispositivo, como "localização do GPS, câmera ou fotos"
16. informações sobre suas " atividades online e offline" e compras em provedores de dados de terceiros
17. "IDs de dispositivos e outros identificadores, como de jogos, aplicativos ou contas que os usuários utilizam"
18. "quando outras pessoas compartilham ou comentam em uma foto, enviam uma mensagem ou fazem upload, sincronizam ou importam as informações de contato"
O Facebook suga muitas das suas informações pessoais quando você o utiliza, quando está perto de dispositivos de outras pessoas com o Facebook instalado e quando faz o login em aplicativos de terceiros ou outros dispositivos (como a sua TV) com o login dele.
É bem comum que sites e aplicativos rastreiem coisas como movimentos do mouse (é assim que o "reCapcha"/verificação "eu não sou um robô" do Google funciona) ou localização. No entanto, o Facebook é o único aplicativo que coleta esse tanto de dados dos dispositivos que você usa e dos sites que visita quando não está no Facebook, usando um pequeno código JavaScript chamado Facebook Pixel e os botões de incorporação "Curtir" e "Compartilhar" nos sites.
Esse dispositivo e as informações de navegação fora do Facebook alimentam o cérebro da rede, junto com informações ainda mais pessoais, como dados de reconhecimento facial e informações de perfil fornecidas pelo usuário — posicionamentos religiosos ou políticos, por exemplo.
Na resposta escrita ao Congresso, o Facebook negou a teoria de que o aplicativo ouve suas conversas grampeando o microfone do seu dispositivo, afirmando que o aplicativo "não se envolve nessas práticas nem captura dados de microfone ou câmera sem o seu consentimento". No entanto, quando questionada se se comprometia a não fazer isso no futuro, a empresa se desviou da pergunta referindo-se à afirmação anterior.
O Facebook não respondeu ao pedido da reportagem para se manifestar.
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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.