Trump defende tortura mas diz que "decisão final" será de general que discorda dele

    Novo secretário de Defesa, general James "Cachorro Louco" Mattis já declarou-se contra o uso de tortura. Mesmo assim, Trump diz que escolha sobre uso das técnicas será do auxiliar: "Eu dei esse poder a ele".

    WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira (27) que é a favor do uso de tortura durante interrogatórios, mas que a decisão final sobre a aplicação ou não de técnicas do tipo dependerá de seu secretário de Defesa, o general James "Cachorro Louco" Mattis.

    "[O secretário] já declarou publicamente que ele não necessariamente acredita em tortura, ou afogamento", disse Trump. "Eu não necessariamente concordo [com a posição de Mattis], mas a decisão final é dele, porque eu dei esse poder a ele", continuou o presidente americano.

    "Ele é especialista, altamente respeitado, o general dos generais. Eu irei confiar nele. Eu acredito que [tortura] funciona, mas vou seguir nossos líderes."

    Assista ao vídeo abaixo, em inglês.

    Trump says he will defer to Defense Secretary Mattis on torture, but still believes it’s effective.

    A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, na Casa Branca. Líder do Partido Conservador, May apoiou Trump durante a eleição e foi a primeira líder mundial a ser recebida por ele desde a posse, há uma semana.

    O apelido de Mattis — "Cachorro Louco" — foi dado pela imprensa americana em 2004, quando o general liderou tropas americanas e britânicas contra insurgentes iraquianos, em uma batalha na cidade de Fallujah. Ao fim da guerra, esta foi considerada a batalha mais sangrenta. Segundo a rede de TV NBC, Mattis não gosta do apelido.

    Em relação a temas militares, há uma perceptível distância entre o que Trump diz em seus discursos e o que seu secretário de Defesa, o general James Mattis, de fato põe em prática.

    Em sua primeira semana no Salão Oval, Trump buscou avançar algumas das promessas consideradas mais radicais de sua campanha, como a construção do muro na fronteira com o México e a volta da "lei da mordaça" do aborto. Mattis, por outro lado, tem sinalizado discretamente às Forças Armadas e a países aliados que ele se manterá firme diante da incerteza de um presidente tido como heterodoxo.

    Enquanto Trump disse várias vezes que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é obsoleta, Mattis ligou nesta semana para o secretário-geral do órgão, Jens Stoltenberg, a fim de "retomar contato e discutir o papel central que a Otan desempenha na segurança transatlântica", segundo informou o Pentágono.

    Após Trump assinar um decreto executivo retirando os Estados Unidos do Tratado Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), Mattis marcou sua primeira viagem internacional para a Coreia do Sul e o Japão — um dos principais países participantes do TPP.

    A independência de Mattis em relação a Trump foi uma das razões para o Senado dos Estados Unidos tê-lo confirmado no cargo de secretário de Defesa.

    O general, que estava aposentado antes de assumir o cargo, disse que não tinha plano algum de retornar à vida pública, até receber uma ligação da Casa Branca, há poucas semanas.

    Um oficial do Exército disse ao BuzzFeed News que o general atuou próximo ao vice-presidente Mike Pence a fim de manter sua influência na escolha de cargos-chave no Departamento de Defesa. Até agora, não houve indicações políticas no Pentágono, por exemplo.

    "Trump precisa de Mattis mais do que Mattis precisa de Trump", disse o oficial.

    Durante sua audiência de confirmação no Senado, Mattis foi questionado pela senadora democrata Elizabeth Warren: "Em que circunstâncias você defenderá seus pontos de vista com força e francamente?".

    "Em todas as circunstâncias, senadora", prometeu Mattis.

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