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Metade dos garotos adolescentes trans nos EUA já tentou suicídio

Esse é apenas um dos vários números alarmantes que um novo estudo revelou a respeito dos jovens trans.

Cerca de metade dos garotos adolescentes transgêneros dos EUA já tentou cometer suicídio, e esse é apenas um dos vários números alarmantes que um novo estudo revelou a respeito dos jovens trans.

Para o estudo, pesquisadores da Universidade do Arizona (EUA) examinaram comportamentos suicidas entre jovens trans e segmentaram os dados para verificar como os índices mudavam de acordo com as identidades de gênero.

Homens trans entre 11 e 19 anos fazem parte do grupo em que foram registradas mais tentativas de suicídio. Entre jovens não-binários, 41,8% revelaram já ter tentado suicídio, assim como 29,9% das meninas e mulheres trans. Entre os adolescentes que não têm certeza ou questionam sua identidade de gênero, o número foi de 27,9%.

Em contrapartida, 17,6% das mulheres cisgênero e 9,8% dos homens cisgênero já tentaram suicídio.

Os dados foram coletados por meio de uma pesquisa com 120.617 jovens entre idades de 11 a 19 anos, incluindo mais de 1.700 que se identificaram como transgênero ou afirmaram questionar seu gênero. O estudo foi publicado na revista Pediatrics.

Embora a pesquisa não tenha examinado a razão para os resultados, os pesquisadores têm algumas hipóteses. "Jovens transmasculinos, assim como os não-binários, sentem falta de um senso de comunidade e de visibilidade", disse Russ Toome, um dos autores do estudo e professor-associado da Universidade do Arizona em Tucson. "Existem, por exemplo, algumas atrizes transfemininas representadas na mídia, mas há poucas pessoas transmasculinas ou não-binárias representadas na cultura em geral."

Ele observou que sentimentos de isolamento são um fator de risco bastante relatado em casos de suicídio.

"Infelizmente, os resultados não nos surpreenderam", disse Raffi Freedman-Gurspan, diretora de relações externas do Centro Nacional pela Igualdade Transgênero, organização de justiça social de Washington, DC.

Segundo ela, a discriminação aumenta o risco de suicídio. "No geral, o que ouvimos das pessoas que já tentaram se suicidar é que elas não conseguem lidar com o estigma. O que sempre tentamos dizer é que as pessoas trans não fizeram nada de errado — a sociedade é apenas lenta demais para aceitá-las, e isso cria cenários onde os indivíduos não se sentem amparados e seguros."

Toomey disse que também é importante observar que os resultados podem ter sido influenciados pelo índice de sobrevivência. É possível que, entre a população transgênero, o número de suicídios entre meninas e mulheres seja maior do que o de tentativas, mas os Estados Unidos não têm dados sobre suicídios dentro da população transgênero. Na US Transgender Survey (Pesquisa sobre Transgêneros dos Estados Unidos, em tradução livre) que foi publicada em 2015, 40% das mais de 27 mil pessoas que responderam revelaram já ter tentado cometer suicídio.

A Trans Lifeline (Estados Unidos: 877-565-8860; Canadá: 877-330-6366) foi fundada em 2014 como a primeira e única linha direta para crises de suicídio entre a população trans. Sua diretora, Sam Ames, contou ao BuzzFeed News que os números não revelam toda a história. "Se realmente queremos proteger a vida dos jovens trans, precisamos intervir antes da crise — nos momentos de bullying, assédio e discriminação", disse.


Se você estiver lidando com pensamentos suicidas, pode conversar com alguém do CVV pelo número 188 ou acessar www.cvv.org.br.

O Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio também fornece dados e grupos de apoio a sobreviventes, assim como a cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria.

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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.

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