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Esta mulher perdeu o emprego por postar uma foto artística anti-Ku Klux Klan

Um colega de trabalho dela se sentiu "hostilizado".

Uma jovem em Utah (EUA) perdeu o emprego depois de saber que um colega de trabalho se sentiu ameaçado por um desenho que ela havia compartilhado no Facebook de membros da Ku Klux Klan (KKK) sendo linchados.

Madison Hartmann, de 24 anos, trabalhava no aquário SeaQuest, em Utah, há quatro anos, mas recentemente foi dispensada por conta de suas postagens nas redes sociais. Hartmann, graduada em zoologia e antropologia na Universidade Estadual de Weber, trabalhava com os animais do local, incluindo grandes répteis, lagartos, crocodilos, pássaros exóticos e mamíferos.

"Eu apenas realmente gosto de ensinar às pessoas sobre os animais", disse ela ao BuzzFeed News.

No dia 25 de junho, Hartmann foi convocada para uma reunião para discutir uma postagem em sua página no Facebook. Ela forneceu uma gravação dessa reunião para o BuzzFeed News.

A postagem em questão era uma foto de uma instalação de arte do coletivo Indecline que mostrava figuras em trajes da KKK penduradas em uma árvore. Intitulada "Ku Klux Klowns", a obra foi uma resposta ao assassinato da manifestante antirracista Heather Heyer em 2017, na manifestação "Unite the Right" de 2017 em Charlottesville, Virgínia.

A obra é uma referência sombria aos numerosos linchamentos de negros americanos realizados por membros e simpatizantes da KKK. Esses linchamentos envolviam multidões de brancos aterrorizando, espancando e matando negros, muitas vezes enforcados, e os incidentes ainda estavam sendo registrados na década de 1980. Alguns ativistas veem os assassinatos de negros americanos desarmados pela polícia como um tipo de continuação desses assassinatos.

"Eles disseram principalmente que, como [a postagem] era pública e eu tinha o SeaQuest listado no meu perfil, eu tinha que removê-la", disse ela. "Mas eles também mencionaram que um colega de trabalho achou isso hostil e que eu estava violando a política de hostilidade."

Na gravação da reunião, o gerente diz a Hartmann que "a postagem foi entendida de maneira diferente", e ele entende como alguém pode achar isso ofensivo.

"Como gerente, eu poderia literalmente ser responsabilizado se alguém se sentisse desconfortável ou ofendido por alguma coisa e eu não agisse", diz o gerente, antes de pedir para ela excluir a imagem. Ele também disse que isso poderia ser visto como tolerância de violência ou atividade ilegal.

"Eu disse algo parecido com 'eu não achava que vocês poderiam policiar o que eu postava na minha página particular'", disse ela.

No entanto, Hartmann por fim consentiu e removeu a imagem.

Então, pouco tempo depois, ela teve problemas mais uma vez.

Dessa vez, foi por causa de uma foto do boxeador de Nova Orleans Jonathan Montrel. Nela, ele está levantando o dedo médio e sua mão tem uma tatuagem de um membro da KKK sendo enforcado. A postagem inclui as hashtags "BlackLivesMatter" e "BLM".

Dessa vez, a postagem foi definida como "apenas para amigos", e Hartmann foi além e excluiu alguns colegas de trabalho que ela tinha como amigos no Facebook.

No dia seguinte, ela estava se preparando para uma sessão de interação com as lontras, quando lhe disseram para se reportar imediatamente à gerência. Foi aí que ela recebeu uma ligação da gerente de recursos humanos da empresa.

Hartmann disse que lhe disseram que ela "havia violado a política novamente e que a mesma pessoa se sentiu hostilizada e ameaçada por ela, porque era uma imagem que representava violência".

Então disseram a ela que ela havia sido demitida.

"Eu entendo a postagem pública, mas quando eles disseram que a razão pela qual eu fui demitida era hostilizar outros funcionários, eu fiquei, tipo, alguém acabou de lhe dizer que está apoiando as pessoas da KKK, e sou eu que fico encrencada? Isso não faz nenhum sentido", disse ela.

Lisa Edwards, gerente de RH do SeaQuest, disse ao BuzzFeed News em um comunicado por e-mail que as postagens de Hartmann "não estavam alinhadas" com os valores da empresa.

"O SeaQuest acredita na promoção de um ambiente seguro para os membros da nossa equipe, visitantes e fornecedores. Qualquer violação das nossas políticas resultará em ações disciplinares, incluindo possível rescisão", disse ela.

"Como empresa, não achamos que as postagens de um membro da equipe estavam alinhados com a ética, os valores ou a cultura da empresa."

Nas políticas de funcionários do SeaQuest, que Hartmann forneceu ao BuzzFeed News, os funcionários são advertidos a postarem "conteúdo apropriado e respeitoso" que não viole as políticas de ética ou hostilidade da empresa. A política de hostilidade proíbe a discriminação com base em classes protegidas pelo estado.

"Grupos de ódio não são protegidos por essas coisas, eles não são classificados como um grupo protegido", disse Hartmann. "As duas imagens que compartilhei não eram representações de humanos de verdade. Qualquer pessoa deveria poder compartilhar arte que achasse interessante e instigante."

Agora, Hartmann não quer seu emprego de volta — ela só quer poder receber o seguro-desemprego. Ainda assim, ela ficou confusa e chateada com sua experiência.

"O ódio em relação a um grupo de ódio é discriminação?", ela perguntou. "Não é possível que eu seja a única pessoa com quem algo assim aconteceu nesta semana."

Este post foi traduzido do inglês.

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