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Este casal está recusando quimioterapia para o filho com câncer — e brigando com o estado por isso

Os médicos disseram que a quimioterapia é a única opção viável para a sobrevivência da criança.

Um criança com câncer está sob custódia do estado, na Flórida (EUA), depois que seus pais deixaram de levá-lo às sessões de quimioterapia agendadas e buscaram outras opções de tratamento.

De acordo com os médicos, simplesmente não há outras opções viáveis para o tratamento da criança.

Noah é o filho de 3 anos de Joshua McAdams e Taylor Bland-Ball. Em abril, Noah foi diagnosticado no Johns Hopkins Hospital com leucemia linfoblástica aguda.

Ele passou por duas sessões de quimioterapia no hospital, e os exames de sangue não mostraram nenhum sinal de câncer, os pais disseram. Segundo depoimentos em tribunal e publicações nas redes sociais, o casal estava dando também tratamentos homeopáticos a Noah, como óleo de canabidiol, água alcalina, chá de cogumelo e extratos de ervas, bem como fazendo alterações em sua alimentação.

Quando Noah e seus pais não compareceram à terceira sessão de quimioterapia, a polícia lançou um alerta para uma "criança desaparecida em perigo".

"Em 22 de abril 2019, os pais deixaram de levar o filho a um procedimento medicamente necessário no hospital", informou um comunicado do Departamento de Polícia do Condado de Hillsborough.

"Os pais continuaram se recusando a seguir o tratamento médico imprescindível que a criança precisa."

McAdams, Taylor Bland-Ball e Noah logo foram localizados em Kentucky, e a criança foi removida da custódia dos pais. Eles agora podem enfrentar acusações de negligência infantil. Noah está com sua avó materna e só pode ser visitado pelos pais com a permissão dos serviços de proteção à criança.

Enquanto os pais brigam para recuperar a custódia de Noah, o caso está gerando debate sobre que direitos os pais têm de determinar o tratamento médico quando ele vai contra as orientações de profissionais médicos.

A organização Florida Freedom Alliance vem se pronunciando em nome do casal. A vice-presidente de relações públicas do grupo, Caitlyn Neff, disse ao BuzzFeed News que a organização defende liberdades religiosas, médicas e pessoais. No passado, o grupo organizou protestos em oposição a vacinações obrigatórias.

Caitlyn Neff disse ao BuzzFeed News que os pais foram francos e disseram ao hospital que estavam interrompendo a quimioterapia para buscar uma segunda opinião sobre o tratamento do Noah.

No entanto, segundo médicos ouvidos pelo BuzzFeed News (não os que trataram Noah), a administração integral de quimioterapia é a única opção conhecida para tratar a leucemia linfoblástica aguda, com o respaldo de décadas de pesquisas e resultados clínicos.

O médico Michael Nieder, do Moffitt Cancer Center, na Flórida, é especializado em tratar crianças com leucemia. Ele disse que a leucemia linfoblástica aguda é o câncer mais comumente diagnosticado em crianças, mas que tem 90% de chance de cura para aqueles que seguem o plano de tratamento comum de até dois anos e meio de quimioterapia.

"Quando você tem um tratamento padrão, você não tenta criar uma nova terapia que resulta em menos pacientes sendo curados", ele disse.

Os pais também estão batalhando por um teste de medula óssea que mostraria de forma mais clara se Noah está em remissão, disse Caitlyn Neff.

O médico Bijal Shah é chefe do programa de leucemia linfoblástica aguda do Moffitt Cancer Center e disse que o fato de um câncer não estar mais sendo detectado não significa que ele esteja curado. A remissão significa que ele ainda pode voltar — e interromper a terapia antes da hora, como no caso de Noah, aumenta o risco de que novas células cancerígenas se formem, se espalhem e se tornem resistentes quando o tratamento for iniciado novamente.

Ele também disse que nunca viu nenhuma evidência de que tratamentos homeopáticos, como o que Noah está recebendo, tenham algum efeito.

"Eu vi [pacientes] tentarem fazer terapia com vitamina C, terapia com prata, maconha, terapia com células-tronco no México, cianobactérias, dietas sem açúcar, o que você imaginar. Isso nunca funcionou para os meus pacientes", disse Shah.

"Se você sabe que tem uma terapia eficaz que vai curar 90% dos seus pacientes, você iria realmente querer arriscar com algo que tem um enorme ponto de interrogação?", questionou.

Taylor Bland-Ball continuou publicando atualizações de seu caso em sua página do Facebook, com vídeos e posts pedindo que as autoridades deixem seu filho voltar aos seus cuidados. Ela e o marido também expuseram seus pensamentos sobre o caso no Medium.

Caitlyn Neff culpa os médicos e as autoridades por prolongar a situação de Noah.

"Esta é uma corrida contra o tempo, e eu acho que algumas dessas pessoas estão se esquecendo de que, no centro disso tudo, está um menino de 3 anos de idade que está sofrendo neste exato momento", disse Caitlyn.

"Tudo que Taylor e Josh querem para ele é que ele receba cuidados. É uma infelicidade que o hospital e o governo estejam tentando prolongar isso ainda mais."

Shah também disse que o caso de Noah é uma infelicidade — não só ele é uma vítima de câncer, mas seu caso está se exposto na mídia.

"Ninguém quer separar a criança da família", ele disse. "Nós estamos tentando comunicar um entendimento. Com essa terapia, ele tem chance de viver, uma chance de verdade."

Nesta quarta-feira (8), a juíza Caroline Tesche Arkin, da Comarca de Hillsborough, ordenou que Noah receba os cuidados médicos que fazem parte da primeira fase de seu tratamento de quimioterapia, mesmo contra a vontade de seus pais.

Este post foi traduzido do inglês.

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