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Donos de canais LGBTI+ estão processando o YouTube por discriminação

O escritório de advocacia que representa o grupo tem outra ação contra o YouTube em que acusa a plataforma de discriminar injustamente criadores de conteúdo de direita.

Após anos de queixas de que o YouTube está censurando injustamente o conteúdo LGBTI+ em sua plataforma, um grupo de criadores entrou com uma ação contra o YouTube e sua empresa-mãe, o Google.

Cinco canais LGBTI+ se uniram para o processo, que alega que o YouTube os discriminou escondendo seus vídeos, removendo inscritos e negando publicidade. Eles dizem que a plataforma dá tratamento diferente a qualquer vídeo com tags como "gay", "transgênero" ou "bissexual", mesmo quando os vídeos não têm conteúdo adulto.

Os criadores dizem que a censura do YouTube — uma violação das próprias políticas da plataforma — afetou negativamente sua audiência e seus ganhos.

"A política do YouTube é para ser neutra. Eles dizem que não vão nos tratar de forma diferente por sermos um programa LGBT", disse Celso Dulay ao BuzzFeed News. "Mas parece que estão nos tratando de forma diferente só porque somos LGBT." Dulay dirige o canal Glitter Bomb TV com seu marido, Chris Knight.

vimeo.com

Para o casal, os problemas surgiram em 2016, quando tiveram seus anúncios de um programa específico negados repetidas vezes. Isso culminou em uma ligação para um representante do serviço de atendimento ao cliente do Google Ads, que afirmou que os motivos para o vídeo ter os anúncios negados foram conteúdo sexualmente explícito e "a coisa gay", de acordo com Dulay.

"Não tem nada de sexual no programa. É um programa de notícias", disse Knight.

Dulay disse que todos os canais queixosos tiveram problemas diferentes, mas o denominador comum é que todos são feitos por criadores LGBTI+ e têm conteúdo feito para o público LGBTI+. Os outros canais são o Queer Kid Stuff, com conteúdo educacional LGBTI+, Watts the Safeword, que cobre educação sexual, Chase Ross, um homens transexual conhecido por sua série Trans 101, e BriaAndChrissy, um casal de lésbicas que produz conteúdo sobre música e estilo de vida.

O advogado do grupo, Peter Obstler, disse ao BuzzFeed News que, embora o Google seja uma empresa privada, o YouTube supostamente opera de acordo com os quatro valores manifestados em sua declaração de missão, o que inclui a liberdade de expressão e o direito à oportunidade. O advogado disse que o que esses criadores estão passando equivale à "aplicação discriminatória das diretrizes" do YouTube e a uma quebra de contrato.

"Se eles querem ser uma empresa privada, devem dizer às pessoas: 'nós discriminamos'", disse ele.

Em um comunicado, um porta-voz do YouTube disse ao BuzzFeed News que suas políticas não têm como objetivo inibir o conteúdo LGBTI+.

"Estamos orgulhosos por muitos criadores LGBTQ terem escolhido o YouTube como um local para compartilhar suas histórias e criar comunidades. Todo o conteúdo do nosso site está sujeito às mesmas políticas", disse Alex Joseph, representante do YouTube.

Joseph acrescentou: "Nossas políticas não diferenciam orientação sexual ou identidade de gênero, e nossos sistemas não restringem ou desmonetizam vídeos com base nesses fatores nem na inclusão de termos como 'gay' ou 'transgênero'. Além disso, temos políticas fortes que proíbem a incitação ao ódio e removemos rapidamente o conteúdo que viola nossas políticas e encerramos contas que o fazem repetidamente. "

A ação alega que o YouTube, que controla cerca de 95% dos vídeos online, "usou seu poder de monopólio sobre a regulamentação de conteúdo para aplicar seletivamente suas regras e restrições de uma maneira que lhes permitisse obter uma vantagem injusta de lucrar com o próprio conteúdo em detrimento do conteúdo de seus consumidores".

É o que as estrelas do canal BriaAndChrissy, Bria Kam e Chrissy Chambers, acreditam ter acontecido com elas. Elas disseram ao BuzzFeed News que há alguns anos ofereceram uma série de viagens LGBTI+ para o YouTube Red, mas ela foi rejeitada. Então, mais tarde, o YouTube criou uma série semelhante que recebeu promoção na página inicial da plataforma. Enquanto isso, os vídeos populares do casal (seu canal tem 850 mil inscritos) começaram a atingir um público menor e a ser desmonetizados.

Um desses vídeos, um videoclipe chamado "Enfrente seus medos", foi desmonetizado e restringido a maiores de idade anos depois de ter sido publicado pela primeira vez. A coisa mais picante que acontece no vídeo é um beijo.

Veja este vídeo no YouTube

youtube.com

Apesar de continuar atraindo milhões de visualizações por mês, a dupla disse que seus ganhos mensais do YouTube caíram de US$ 3.500 para apenas US$ 500.

Outra alegação comum entre os canais é que o YouTube só dá atenção a suas reclamações depois que eles fazem uma campanha nas redes sociais. Depois disso, o YouTube pode restabelecer os anúncios no canal e dizer que simplesmente tinha ocorrido um engano.

É o que a ação diz que aconteceu com o Chase Ross.

De acordo com a ação, os vídeos de Ross são rotineiramente colocados em modo restrito pelo YouTube, mesmo os que só o mostram bebendo chá e falando sobre autocuidados. Em outros casos, segundo a ação, Ross teve vídeos removidos ou sua conta suspensa — até o YouTube para normalizar seu acesso e dizer que houve um erro, depois de Ross reclamar nas redes sociais.

"Muitos vídeos têm seu alcance restringido, independentemente do conteúdo, apenas por causa da identidade do sr. Ross como um indivíduo transgênero", diz a ação.

Para os criadores com quem o BuzzFeed News conversou, a ação é uma tentativa de fazer com que o YouTube encare um problema do qual eles vêm reclamando há anos sem nenhuma solução.

O escritório de advocacia que representa o grupo, Browne George Ross, também está envolvido em outra ação movida contra o YouTube, alegando que ele discrimina injustamente os criadores de direita.


Este post foi traduzido do inglês.

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