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O criador de "The Good Place" explica a grande mensagem por trás da série

"Você deve certas coisas às pessoas com quem divide a Terra, e esse é o objetivo da série, de uma forma bem explícita", disse o criador da série Michael Schur ao BuzzFeed.

"O que devemos uns aos outros?" é a questão moral que tem sido o foco principal por trás de "The Good Place", da NBC, desde que ela estreou em setembro de 2016.


Mas, quando o programa exibiu seu último episódio de 2019, antes de fazer uma pequena pausa em antecipação aos episódios finais em 2020, os espectadores viram os limites da filosofia moral serem testados.

O destino da humanidade está atualmente no limbo, ao passo que Eleanor Shellstrop (Kristen Bell), Michael (Ted Danson), Janet (D'Arcy Carden), Tahani Al-Jamil (Jameela Jamil), Jason Mendoza (Manny Jacinto) e Chidi Anagonye (William Jackson Harper) tentam convencer a Juíza (Maya Rudolph) a alterar o futuro da vida após a morte.

O criador do programa, Michael Schur, disse ao BuzzFeed que faz anos que está obcecado com essas ideias filosóficas enquanto produz "The Good Place".

"Você pode ser uma boa pessoa sozinho", disse Schur. "Mas estar vivo em algum nível fundamental na maioria dos lugares da Terra significa que você vai interagir com outras pessoas e que outras pessoas vão interagir com você."

Pamela Hieronymi, uma professora de filosofia da UCLA que concordou em prestar consultoria a Schur sobre suas ideias filosóficas para a série, lhe indicou o livro "What We Owe to Each Other" (O Que Devemos Uns aos Outros), de T. M. Scanlon.

O autor do livro foi orientador da dissertação dela em Harvard e quando Schur explicou os tipos de ideias filosóficas que ele queria incluir em "The Good Place", ela disse que as ideias estavam alinhadas com o trabalho de Scanlon.

"Isso acendeu uma lâmpada no meu cérebro, que estava procurando um jeito de explicar o tipo de coisa que eu queria alcançar", disse Schur ao BuzzFeed. "E essa era a ideia, de que devemos certas coisas a outras pessoas, e o trabalho de estar vivo na Terra é descobrir o que você deve a elas e como pode oferecer isso. Essa é a única maneira de haver algum progresso."

Quando conhecemos Eleanor, Chidi, Tahani e Jason, eles acham que foram levados para uma versão alegre e animada da vida após a morte chamada "O Lugar Bom", sob o comando de um arquiteto e líder imortal, Michael, e sua assistente, Janet. Quando eles descobrem que na verdade estão em outro tipo de vida após a morte, chamado "O Lugar Ruim", todos se juntam em uma busca para se tornarem pessoas melhores, o que é moldado por seus relacionamentos entre si.

Segundo Schur, a personagem de Eleanor é um veículo para explorar o conceito de que "nosso problema na Terra é o egoísmo".

"O problema dela era que ela vivia pela seguinte crença: 'Se eu me virar sozinha e não formar laços próximos com outros, não vou dever nada a eles, e eles não vão dever nada a mim, e todo mundo vai sair ganhando'", disse Schur.

"Mas é como se a série dissesse: 'Não, nem todos saem ganhando. Todo mundo sai perdendo porque você está perdendo um aspecto importante de estar vivo na Terra, e está perdendo o que poderia contribuir para um grupo de pessoas, quer trabalhem juntos, quer morem juntos, ou o que quer que seja.' Todo mundo sai perdendo quando as pessoas são egoístas."

Segundo Schur, os humanos têm uma obrigação moral uns para com os outros.

Ele argumentou que, muitas vezes, as pessoas pensam e agem de forma egoísta, mas, quando elas se preocupam com o bem-estar umas das outras, não são apenas úteis para fazer do mundo um lugar melhor — isso é necessário, disse Schur, para garantir que a sociedade funcione bem.

"Para mim, tantos problemas básicos nos Estados Unidos e em muitos outros países ocidentais, e tenho certeza que em muitos países orientais também, existem porque as pessoas que fazem parte de uma sociedade só pensam: 'Como eu posso vencer? Como posso me dar bem? Como posso derrotar outras pessoas ou me elevar acima de outras pessoas?'", disse ele.

"E elas têm uma crença em comum de que a vida na Terra se resume a uma competição e, se algumas estão ganhando, isso significa que outras estão perdendo."

Schur usou o exemplo do pagamento de impostos como "a forma mais simples de fazer isso".

"Nós dizemos como um grupo de pessoas: 'Vamos pegar um pouco de nosso dinheiro e colocá-lo em um grande pote, e vamos usar esse dinheiro para providenciar coisas necessárias, para quem não pode pagar, coisas como assistência médica e almoços escolares para crianças menos favorecidas e, quem sabe, estradas, pontes, túneis e outras coisas que todo mundo usa'', disse Schur. "Nós devemos isso uns aos outros. Você deve certas coisas às pessoas com quem divide a Terra, e esse é o objetivo da série, de uma forma bem explícita."

"The Good Place" também trata da questão moral de "O que devemos uns aos outros?" abordando o poder da amizade de transformar a vida das pessoas.

É provável que nossos relacionamentos com outras pessoas nos tornem responsáveis e nos incentivem a considerar a bondade, disse Schur, então, naturalmente, o papel da amizade na vida desses personagens os ajudam a melhorarem e se tornarem pessoas melhores.

A importância determinante da amizade tem sido um constante tema em quase todas as séries em que Schur trabalhou. De "The Office" a "Parks and Recreation" e, é claro, "Brooklyn Nine-Nine".

De acordo com o showrunner, Leslie Knope (Amy Poehler) e Ann Perkins (Rashida Jones) foram "a 'protoversão' de várias amizades e temas em 'The Good Place'".

"Eu e Greg Daniels fizemos 'Parks and Recreation' girar em torno de uma amizade feminina, em que cada metade sentia falta de alguma coisa e a encontrava na outra pessoa", disse ele. "Elas encontraram algo vital na outra metade, e as duas meio que se ajudaram a evoluir as pessoas que elas eram quando se conheceram."

Mas o papel da amizade e o impacto positivo que ela pode ter na vida dos personagens nunca foram tão importantes ou urgentes quanto nas altas apostas de "The Good Place".

Ao trabalharem juntos e se tornarem pessoas melhores, Eleanor, Chidi, Tahani e Jason — e até mesmo Michael — aumentam as próprias chances de acabar no verdadeiro "Lugar Bom" e salvar o resto da humanidade da condenação final.

"Essa é uma crença muito central minha, e dificilmente eu sou a primeira pessoa a dizer isso. Não estou tentando levar o crédito pela ideia de que as amizades são importantes", brincou Schur. "Eu não inventei isso, mas essa é uma crença central minha, especificamente para séries de comédia, mas também para a vida na Terra de modo geral, que a amizade é o que faz a vida valer a pena e é o que nos torna pessoas melhores."

Seja a amizade, o papel de outras pessoas em nossas vidas ou um senso geral de obrigação moral, Schur disse que muitas coisas podem inspirar as pessoas a serem melhores.

Ele disse que "The Good Place" contribui para o coro de filosofias que já existem, transmitindo uma mensagem aos espectadores: "O que importa é a constante autoanálise, o exame de seu próprio comportamento e o pensamento que você dedica ao que está fazendo e por que está fazendo aquilo."

À medida que Eleanor, Chidi, Tahani, Jason, Michael e Janet se aproximam do fim de sua jornada, que os deixará no "Lugar Bom" ou no "Lugar Ruim" — e com o destino do resto da humanidade em suas mãos também —, Schur disse que espera que os espectadores prestem atenção à lição principal que os roteiristas e criadores pretendiam que as pessoas tirassem do programa desde o início:

Tentar ser uma pessoa melhor, independentemente de como você tenta, é melhor do que não tentar melhorar em nada.

"Desde que não esteja sendo complacente e ignorando os sentimentos de outras pessoas e os efeitos de seu próprio comportamento no mundo, você estará fazendo um bom trabalho, porque a tentativa, o desejo de ser melhor, é realmente mais importante que o resultado", afirmou Schur.

"O que importa é que você está tentando."


Este post foi traduzido do inglês.

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