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Trump interrompe reaproximação entre Estados Unidos e Cuba

Presidente citou a repressão do governo cubano como motivo para cancelar as medidas implementadas por seu antecessor, Barack Obama, a partir de 2015.

Ignorando apelos de membros de seu próprio partido, empresários e grupos de direitos humanos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta (16) que cancelará todos os acordos assinados por seu antecessor, Barack Obama, com o governo de Cuba.

Cidadãos americanos não terão mais autorização para fazer turismo na ilha, segundo autoridades americanas. O governo dos Estados Unidos também prometeu garantir que nenhuma receita advinda de empresas americanas beneficie o Exército cubano.

"A nova política que estamos implementando não tem como alvo o povo cubano, e sim membros repressores do governo militar cubano", um alto funcionário do governo americano declarou numa reunião antes de oficializar a medida.

Trump anunciou a mudança durante um comício em Miami — cidade que é o principal centro de expatriados cubanos nos Estados Unidos.

A reaproximação dos Estados Unidos com Cuba, anunciada por Obama em 2015, reconstruiu pontes que os dois países não mantinham havia mais de 50 anos.

Por meio de decretos, o então presidente americano reabriu a embaixada em Havana, retirou restrições de turismo impostas a cidadãos americanos e permitiu que empresas americanas investissem na ilha.

Autoridades do atual governo americano citaram a repressão por parte do regime cubano — incluindo a prisão de adversários políticos — como motivo suficiente para reverter a aproximação iniciada na gestão Obama.

Grupos de direitos humanos, por outro lado, definiram a decisão de Trump como "hipócrita".

"Nós estamos dispostos a dançar com os sauditas e reconhecer o ditador das Filipinas", disse James Williams, presidente da Engage Cuba, uma coalizão civil que se opõe ao embargo. "Este é o governo menos preocupado com direitos humanos", acrescentou Williams.

Alguns parlamentares republicanos, professores, empresários do agronegócio e exilados cubanos pediram a Trump que mantenha o diálogo com os comunistas. Muitos argumentaram que a política implementada por Obama ajudou a criar empregos nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que melhorou as condições de vida para o povo cubano.

Cubanos que alugam suas casa pelo Airbnb, por exemplo, receberam US$ 40 milhões desde abril de 2015, pagos por aproximadamente 560 mil visitantes, segundo um relatório divulgado pela empresa na semana passada.

O acesso à internet em locais públicos também cresceu após o Google assinar um acordo com a Etecsa, estatal cubana de telecomunicações. Companhias aéreas e de cruzeiros americanas adicionaram a ilha ao seu portfólio de destinos.

Outro relatório, feito pela Engage Cuba, estima que o cancelamento dos acordos é capaz de afetar 12 mil empregos nos Estados Unidos e custar US$ 6,6 bilhões, durante todo o mandato de Trump.

As medidas podem acabar não sendo tão restritivas quanto alguns analistas e empresários temem — mas elas provavelmente acrescentarão uma nova camada de confusão que poderia dissuadir milhares de americanos de investir no país vizinho.

Apoiadores de Trump argumentam que o principal beneficiado com a reabertura foi o Exército de Cuba, que recebe uma parcela da receita ligada ao turismo ocasionado pela decisão de Obama.

"Uma política defensável entre Estados Unidos e Cuba é uma que dê apoio ao povo cubano ao passo em que ajuda o mínimo possível o regime", escreveu José Cardenas, ex-funcionário da USAID para a América Latina, em um texto na revista Foreign Policy.

O maior projeto implementado na ilha desde a reabertura é o Gran Hotel Manzana La Habana Kempinski, o primeiro cinco-estrelas cubano, operado por uma empresa de hotelaria suíça que possui um contrato com o Grupo de Turismo Gaviota, empresa controlada pelos militares cubanos.

Este post foi traduzido do inglês.

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