Por que a Apple disse adeus à entrada de áudio analógica

A entrada de 3.5mm, padrão em todo o mundo, existe há décadas. Explicamos por que a Apple decidiu que era hora de uma mudança.

    Por que a Apple disse adeus à entrada de áudio analógica

    A entrada de 3.5mm, padrão em todo o mundo, existe há décadas. Explicamos por que a Apple decidiu que era hora de uma mudança.

    O vice-presidente da Apple Greg Joswiak sorri enquanto segura o menor adaptador de iPhone que eu já vi na vida. Branco e com o comprimento de um palito de fósforo, ele foi projetado para conectar fones de ouvido que usam o plugue-padrão de áudio, analógico e de 3,5 milímetros, com a entrada Lightning do novo iPhone da Apple. O aparelho lançado nesta quarta (7) não terá a entrada de áudio que ainda é comum na indústria de tecnologia.

    "Desta vez, haverá um adaptador em toda caixa [de iPhone 7 vendido]", brinca Joswiak. Da última vez que a Apple matou uma porta de entrada ainda muito utilizada de iPhone, em 2012, fazendo com que vários outros produtos da marca não pudessem interagir com o celular sem um adaptador vendido separadamente por US$ 29, a empresa enfureceu uma legião de clientes.

    A Apple não é novata em matar coisas que as pessoas usam (e até mesmo amam) a todo momento. Mas a entrada-padrão de áudio? É um outro nível, diferente de descartar drives de disco ou portas paralelas que recebiam um nome a partir do seu número de pinos. O conector-padrão de áudio não só veio antes da Apple, como também antes dos próprios computadores. E ainda é onipresente. Então, quando você mata um padrão ao redor do qual toda a indústria de áudio se desenvolveu, é bom tomar cuidado.

    Inventado para ser utilizado em centrais telefônicas no final dos anos 1800, o conector de áudio de 3.5mm está entre os mais antigos padrões elétricos que existem. E ele ainda é muito presente, estando na grande maioria dos equipamentos eletrônicos de áudio lançados no último século — aparelhos de som domésticos e automotivos, câmeras de vídeo, laptops, amplificadores de instrumentos musicais, sistemas de entretenimento de aviões, implantes cocleares, smartphones e — até então — o iPhone.

    A Apple argumenta que o futuro do áudio é sem fio (wireless) e que as premissas de hoje sobre o áudio móvel não são somente antiquadas como merecem ser imediatamente abandonadas. Em um mundo de Spotify e Sonos, é difícil discordar. Mas hoje esse futuro vem com um preço: você tem que deixar para trás fones de ouvido que já possui em perfeitas condições e comprar novos sem fio para usar com o iPhone. Depende da Apple provar que essa mudança vale a pena.

    "O conector de áudio tem mais de 100 anos", diz Joswiak. "A última grande inovação dele foi 50 anos atrás. E sabe o que era? Torná-lo menor. E ele não foi tocado desde então. É um dinossauro. É hora de seguir em frente."

    "É um dinossauro. É hora de seguir em frente"

    Talvez. No entanto, o argumento "se não for agora, quando será" é difícil de aceitar quando tenho ótimos fones de ouvido na minha mesa que utilizam esse conector e quando todos meus aparelhos de áudio têm a entrada de 3.5mm. Assim como meu carro. Meu laptop. O último avião em que estive. Microfones. Caixas de som. Babás eletrônicas. Equipamentos e acessórios de áudio que comprei durante toda a minha vida. Aquele conector de 3.5mm está em tudo.

    Historicamente, a Apple acerta quando abandona um padrão para adotar novas tecnologias. Historicamente, isso acontece porque a tecnologia adotada pela empresa é melhor do que aquela que foi substituída. Muitos lembram do leitor de disquete como um exemplo de como a Apple mata algo corrente para abrir caminho para o futuro. Mas acontece que, quando a Apple tirou o leitor de disquete de seus Macs, ele já era claramente inadequado para o armazenamento de dados e era óbvio que precisava ser substituído.

    O plugue de 3.5mm, no entanto, não é inadequado nem parece precisar de substituição. Claro, ele é antigo. Mas é muito popular e seu uso não está restrito por patentes. Você não precisa pagar a ninguém para utilizá-lo. O sinal que ele transmite não precisa ser decodificado. E, como ele é analógico, não digital, sua transmissão não pode ser suspensa por questões de direitos digitais (DRM na sigla em inglês, digital rights management). Como as tomadas de nossas casas, o conector de áudio de 3.5mm é uma interface burra. Na visão da Apple, "apenas funciona". Mas compre um fone de ouvido — em uma loja especializada ou de uma máquina de venda automática no aeroporto —, conecte-o no seu aparelho pela entrada de 3.5mm e ele vai funcionar. Então por que descartá-la?

    Para Dan Ricco, vice-presidente sênior da Apple em engenharia de hardware, a entrada de 3.5mm no iPhone era como os últimos meses de uma relação falida, ainda que amigável: familiar e confortável, mas um impedimento para uma vida melhor. "Nós tínhamos esse conector de 50 anos — que é só um buraco cheio de ar — e ele estava lá tomando espaço, um espaço muito valioso."

    Riccio está na Apple desde 1998 e colaborou no desenvolvimento de quase todos os hardwares da marca. "Em um mundo de conectividade móvel e celular, o único vestígio dos fios por aí é este cabo que vai do ouvido das pessoas para seus telefones — por quê?". Apesar da pergunta, ele está mais interessado na série de avanços que a remoção da entrada de 3.5mm no iPhone permitiu. "Isso estava impedindo que colocássemos um monte de coisas no iPhone", disse. "Estava competindo por espaço com as peças da câmera, com processadores e com a bateria. E, sinceramente, quanto existe uma solução melhor e mais moderna disponível, não faz sentido manter essa entrada."

    É difícil imaginar a equipe de design da Apple sendo tolhida por uma pequena entrada de áudio. No entanto, quando você lida com um aparelho com dimensões tão pequenas, este é um desafio. Riccio levou uns bons 15 minutos para me explicar tudo isso. Vou tentar fazer o mesmo em dois.

    O novo iPhone traz melhoramentos na câmera que tomam mais espaço do que os sistemas das versões anteriores. O iPhone 7 tem um estabilizador de imagem que antes era reservado aos aparelhos do tipo Plus. Já o iPhone 7 Plus tem dois sistemas completos de câmera — um com uma lente fixa de grande-angular e outro com uma teleobjetiva de zoom 2x. Em cima desses dois dispositivos está algo chamado "driver ledge" — um pequeno circuito que comanda o visor do iPhone e sua luz de fundo.

    Nos outros aparelhos, a Apple acomodava ali melhorias voltadas à bateria, já que era um espaço que ficava fora do caminho. No entanto, segundo Riccio, o driver ledge agora passaria a inteferir no novo sistema de câmera do iPhone 7, então a Apple teve que mudá-lo de lugar. Mas, fazendo isso, o driver passaria a prejudicar outros componentes do aparelho, particularmente a entrada de áudio de 3.5mm.

    Então, os engenheiros da Apple testaram removê-la.

    Fazendo isso, eles descobriram algumas coisas. Primeiro, que ficou mais fácil instalar o "Taptic Engine", que comanda o novo e principal botão do iPhone 7. Ele, como os trackpads no último MacBook da Apple, usa vibrações para simular a sensação de um clique — sem que efetivamente um clique aconteça. (Já mencionamos que a Apple também já matou o botão físico de seus celulares?) As vibrações do Taptic Engine também serão usadas para dar ao usuário avisos específicos — por exemplo, de que ele chegou ao fim de uma rolagem de página. E como a Apple desenvolveu uma API (Application Programming Interface em inglês, ou seja, uma Interface de Programação de Aplicação) própria, o Taptic Engine também poderá ser utilizado para diversos outros fins, principalmente em games.

    "Não dá para simularmos a sensação de um terremoto, mas o leque de customizações ainda permite muita coisa", diz o vice-presidente sênior da Apple Phil Schiller. "Em todo projeto, há coisas que nos surpreendem com o caminho que tomam quando começamos a usá-las. O API do Taptic Engine foi uma delas. Ele se mostrou muito mais importante do que a princípio pensávamos. Ele transformou a experiência de uso do software. Você vai ver."

    Além disso, a remoção da entrada de áudio de 3.5mm permitiu aumentar a vida útil da bateria. A bateria do iPhone 7 é 14% maior do que a do aparelho anterior, e a do iPhone 7 Plus 7% maior. Em termos de performance, isso significa duas horas e uma hora a mais de bateria, respectivamente. Nada mal.

    Mais do que isso, ao retirar a entrada de áudio, a Apple também conseguiu fazer com que o aparelho ficasse mais resistente à água, algo que a empresa buscava há anos (o aparelho pode ficar imerso na água, em uma profundidade de um metro, por 30 minutos).

    A entrada de áudio de 3.5mm estava com seu destino selado já há algum tempo. Se não fosse com o iPhone 7, poderia ser com o iPhone 8 (ou com o iPhone 6). No fim, foi uma conta simples, em que a antiga entrada perdia na análise de custo-benefício para um futuro wireless de áudio, novos sistemas de câmera e uma resistência à água que todo mundo que já deixou o iPhone cair na privada esperava.

    Quando você pensa no iPhone, provavelmente vê nele um único gadget. Então ajuda dar um passo para trás e notar como ele traz uma diversidade de funções. Quando Steve Jobs lançou o iPhone em 2007, ele disse que o aparelho não era um só, mas três: um iPod widescreen com controle de toque, um celular revolucionário e um dispositivo avançado para acesso à internet.

    E acontece que, entre os atributos que as pessoas mais valorizam em um smartphone de última geração — o suficiente para que a Apple reserve milhões de dólares em propaganda para lembrar a todos de seu domínio nesse aspecto e para matar uma entrada de áudio centenária — é a câmera.

    "Os novos sistemas de câmera dão um salto em relação ao que tínhamos nos aparelhos 6s", disse Schiller, depois que eu observei que o iPhone 7 e 7 Plus oferecerá a mesma resolução de 12 megapixels que seus predecessores. Ele listou uma série de mudanças para provar o seu ponto. O novo sistema é mais rápido, mais sensível à luz, economiza bateria, tem chipsets de alta performance e outras características futurísticas e mirabolantes.

    Uma prévia mostrada à reportagem da key-note que a Apple apresentou nesta quarta (7) se gabava de como o novo processador de imagem da câmera era capaz de fazer 100 bilhões de operações em apenas 25 milissegundos. Mas isso tudo só fez sentido para mim quando vi uma imagem aérea sem retoques de Coney Island (região de Nova York, nos EUA) e que, incrivelmente, havia sido feita com um celular.

    "Os novos iPhones são muito poderosos", disse Neill Barham, fundador e CEO da Filmic, empresa que criou um app de vídeo para o iOS. Ele é efusivo em seus elogios, dizendo que o novo chip A10 da Apple trouxe uma melhora "sísmica" no processamento de vídeo para o iPhone. Ele brinca que Stanley Kubrick provavelmente iria amar o iPhone 7 Plus, ainda que reconheça que o diretor provavelmente não filmaria Barry Lyndon com o aparelho.

    "Em termos leigos, o iPhone 6S e Plus é como um sprinter [corredor de curta distância e alta velocidade, como Usain Bolt]: ele pode fazer um monte de trabalho em pouco tempo", disse Barham. "Já o iPhone 7 é como um maratonista, ou melhor, um triatleta, que consegue dar conta de diversos processamentos intensos ao longo do dia."

    Em uma pequena vinícola nas montanhas de Santa Cruz, perto do Vale do Silício, participei de uma demonstração da nova câmera. Panoramas, retratos, Live Photos [recurso que permite fotos em movimento], close-ups e vídeos do cachorro que acompanhava nosso grupo com uma bolinha de tênis na boca. Aos meus olhos de fotógrafo amador, tudo parecia muito bom. As imagens eram nítidas e vibrantes. A nova captação de cor que a Apple deu ao iPhone fazia o laranja da flor da papoula-da-califórnia parecer psicodélico. No iPhone 7 Plus, ir de uma câmera para outra passa quase despercebido. A mudança entre a objetiva grande-angular e a teleobjetiva é rápida e suave, mal se nota. Parece uma única câmera. Com o zoom, consigo enxergar as marcas da cola do rótulo de uma garrafa de vinho.

    Daqui a alguns meses, a Apple irá anunciar uma atualização de software que trará um novo recurso para a câmera do iPhone 7 Plus. Chamado "Portrait", ele basicamente é voltado para criar um efeito bokeh — quando na imagem há uma pessoa ou objeto bem nítido contra um fundo fora de foco. Como as duas câmeras do iPhone 7 Plus podem funcionar simultaneamente, o aparelho conseguirá capturar nove camadas de profundidade e mostrá-las ao usuário em tempo real. Então, quando você estiver usando o Portrait, poderá ver como a imagem fica no efeito bokeh e decidir se vale a pena usá-lo ou não.

    "É um efeito bokeh melhor daquele que você consegue com uma Leica M e uma lente de 50 milímetros?", disse Schiller mais cedo. "Claro que não. Mas você já viu algo assim em um smartphone?".

    Não.

    Mas uma melhoria "a ser lançada em breve" na câmera do iPhone não era exatamente o tipo de inovação que esperávamos da Apple — ainda que o CEO da empresa, Tim Cook, considere as mudanças deste ano bem importantes. Quando pergunto a ele se — depois de uma série de inovações como o FaceTime, Siri e o Touch ID [identificação por toque] — nós já chegamos ao ponto em que esgotamos as inovações possíveis para smartphones, ele discorda, diplomaticamente, da premissa da minha pergunta. "Inovar é fazer as coisas melhor", diz. "Se você der um passo para trás e observar o que é o mais importante para os usuários do iPhone, verá que são as fotos e outros recursos que eles utilizam para fazer um diário de suas vidas. Então as atualizações da câmera, a otimização de software, o aumento da vida útil da bateria e todos os recursos que temos no iOS 10? Essas são coisas que juntas são um grande avanço."


    No início deste ano, os rumores de que a Apple planejava tirar a entrada de áudio de 3.5mm do seu próximo iPhone foram recebidos com uma indignação previsível. (Ignore as outras duas marcas de smartphones que já lançaram aparelhos sem essa entrada.)

    O conector de áudio de 3.5mm cumpre bem sua função, é amplamente utilizado e seu uso não está restrito por patentes ou direitos digitais, segundo seus defensores. Por que tirá-lo e deixar somente uma entrada patenteada pela Apple que em um futuro distópico pode ser bloqueada pelas mesmas questões de DRM que Steve Jobs já condenava no seu ensaio de 2007 "Thoughts on Music"? Para quê criar um adaptador de fones de ouvido que vai me custar US$ 9 quando eu inevitavelmente perder aquele que veio com o meu novo iPhone? Por que permitir um cenário em que eu não consigo escutar a música que eu quero porque existirá uma barreira de direitos digitais ou porque estarei usando um "acessório não certificado pela Apple"? Como a Apple responde aos críticos que veem a remoção da entrada clássica de áudio como "user-hostile"[hostil ao usuário]?

    "Isso é pura teoria da conspiração”

    Schiller acha que essa é uma dicussão boba. "A ideia de que existe algum motivo oculto para essa mudança ou que ela levará a um novo tipo de controle de conteúdo não é verdade", disse. "Nós estamos removendo a entrada de áudio do iPhone porque desenvolvemos algo melhor. Não tem nada a ver com controle de conteúdo ou DRM — isso é pura teoria da conspiração."

    Se vale de alguma coisa, a entrada USB de áudio também permite proteção contra cópias não autorizadas, mas, segundo Abdul Ismail, diretor técnico da organização USB Implementers' Forum (USB-IF) e principal engenheiro da Intel, a indústria fonográfica não utiliza muito esse recurso.

    "Já vai fazer uma década que o iTunes vende músicas sem proteção DRM [ou seja, sem proteção contra cópias ilegais] e nem por isso houve um rampante no compartilhamento ilegal de arquivos."

    Além disso, o Lightning fornece um áudio de alta-fidelidade. Como ele é uma conexão que permite a passagem de energia elétrica, ele suportará recursos como a anulação de ruídos em fones de ouvido (o que normalmente demandaria uma bateria) e, porque é digital, permitirá mais controle granular da resposta em frequência (a empresa Audeze criou fones de ouvidos já adaptados para a entrada Lightning com um equalizador de dez bandas para -10 ou +10 decibéis para cada uma).

    Mas esse não é o ponto da Apple. Lembrem-se, o futuro do áudio é sem fio. Então, ainda que a empresa esteja dando para cada novo usuário de iPhone 7 um fone de ouvido já adaptado para o Lightning (e um adaptador para fones comuns!), o que a Apple realmente quer é que as pessoas comprem seus AirPods sem-fio.


    "Ainda é incrível para mim como a gente conseguiu colocar tanta coisa ali dentro", disse John Ternus, vice-presidente de Mac, iPad, ecossistema digital e de engenharia de áudio da Apple. "Fazemos um monte de produtos cheios de tecnologia, mas esses são de longe os mais densos que já fizemos. Nenhum espaço foi desperdiçado. NENHUM."

    Ternus está se referindo ao novo fone sem-fio AirPod da Apple e, pelo que vi mais cedo num raio-X do produto, ele não está exagerando. Dentro de cada AirPod, existe um chip sem fio Apple W1 (o primeiro da empresa), dois acelerômetros, dois sensores ópticos, dois microfones beamforming, uma antena e uma minúscula bateria que dura até cinco horas (se você estiver escutando; falando é duas horas) e mais outras três horas se você carregá-lo por quinze minutos em um carregador que usa uma entrada Lightning. ("Estamos realmente focados na eficiência energética", disse Ternus. "Obsessivamente focados.")

    E sabe de uma coisa? Eles parecem muito bons. E assim deveria ser, porque a Apple quer que você pague US$ 159 por eles.

    Eles possuem um design sem botão que dependerá de um toque duplo e comandos via Siri para pular músicas ou fazer ligações. E o processo de pareamento deles com o iPhone é simples e intuitivo. Uma vez que você pareia seus AirPods com seu iPhone, a Apple usará sua conta iCloud para ligá-los a seus outros produtos da Apple. Sem terem sua comunicação restrita por qualquer cabo, eles são totalmente wireless. E eles funcionam com qualquer aparelho com o sistema iOS10, o Watch OS 3 ou o MacOS Sierra.

    O AirPods usa Bluetooth para fazer conexões. Fones bluetooth historicamente apresentaram uma série de problemas: pareamento complicado, queda de conexão, som de baixa qualidade. Mas a Apple está confiante que tudo isso será resolvido com o chip W1. "Como você pode imaginar, ao desenvolver nosso próprio chip Bluetooth e controlar as duas extremidades do processo de pareamento, conseguimos fazer algumas mágicas", disse Ternus. "Usamos uma conexão Bluetooh, mas acrescentamos um molho especial."

    "Esse é um projeto tão avançado quanto o do Apple Pencil"

    O que tem nesse molho especial, a Apple não diz. Mas os AirPods vêm sendo desenvolvidos já há algum tempo. "Esse é um projeto tão avançado quanto o do Apple Pencil", disse Schiller. "Começamos esse projeto quando começamos o do Apple Watch. Nós sabíamos que precisávamos de uma boa solução sem-fio para áudio. Nós dissemos: 'E se pudéssemos projetar os fones de ouvido do futuro?'. Foi isso que pedimos para nossa equipe."

    Se a promessa de som de qualidade, conexão Bluetooth estável, boa vida-útil de bateria, controle de voz e facilidade para parear aparelhos —tudo isso sem fio — for cumprida, o gasto com todos esses novos aparelhos pode valer a pena. Mas cabe a Apple vender essa ideia e convencer as pessoas que elas querem esses dispositivos. Isso é difícil, mas não é impossível.

    Ao recolocar o AirPods no seu case, que lembra uma caixinha de fio dental e também funciona como um carregador, eles se encaixam em um clique magnético.

    Eu conheço um usuário de iPhone de longa-data que é uma espécie de audiófilo. Ele já gastou uma boa quantia comprando fones de ouvido de última geração nos últimos anos. Outro dia, ele me disse que se o próximo iPhone não tiver a entrada padrão de áudio de 3.5mm, ele mudará para um Android. Ele não quer fones de ouvido sem fio ou conectados pelo Lightning. E ele não quer ter que carregar um adaptador. Ele só quer usar os fones que ele gosta. E ele não acha que está sozinho. O que os chefes da Apple diriam para alguém como ele?

    "Nós entendemos que essa transição pode ser difícil para aqueles que amam seus fones de ouvido com fio", disse Schiller. "Mas a transição é inevitável. Você precisa fazê-la em algum ponto. Cedo ou tarde, o plugue analógico irá embora. Existem muitos motivos para que ele não perdure por muito mais tempo. Sempre há um pouco de dor em toda transição, mas isso não pode nos deter. Senão, nunca faríamos nenhum progresso. A pergunta que nos fazemos em transições como essa é: fizemos todas as coisas certas para mitigar isso, para explicar e para ter um resultado tão bom que deixe todos felizes com a mudança? Acho que fizemos isso."

    É uma resposta quase razoável. Lembrem-se que o iPhone 7 virá com fones de ouvido que se conectarão ao aparelho pela entrada Lightning e com um adaptador para aqueles que não querem abandonar seus fones analógicos. O preço dos AirPods, de US$ 159, deixará muita gente descontente, mas o produto promete algo muito atraente. E o espaço liberado com o fim da entrada analógica de áudio permitiu melhorias significantes nas câmeras e baterias do iPhone.

    Ainda que alguns possam dizer que o iPhone 7 quebra o padrão da Apple de trazer mudanças significativas em seus produtos em anos pares, talvez essas inovações estejam somente abrindo terreno para algo além. Em 2017, será comemorado o décimo aniversário do iPhone, e alguns especialistas prevêem grandes mudanças pela frente.

    Enquanto isso, a Apple apenas estaria fazendo uma transição na sua entrada de áudio.

    "Lembrem-se, já passamos por isso antes", disse Schiller. "Já nos livramos das portas paralelas, dos barramentos, dos disquetes, dos teclados físicos nos celulares — você sente falta do teclado que tinha no celular? Acho que em algum ponto — e em algum ponto não muito distante — vamos olhar para trás e não vamos entender por que houve tanto furor com o fim da entrada analógica de áudio".


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