O romancista Philip Roth morreu aos 85 anos, como confirmaram seus representantes na noite de terça-feira (22).
Ícone literário, Roth foi um dos autores americanos mais celebrados de sua geração, vencendo o Prêmio Pulitzer de ficção em 1998 por seu romance Pastoral Americana — uma das muitas honrarias recebidas ao longo das várias décadas de sua carreira. Em 2005, ele foi o terceiro escritor americano cujos livros foram imortalizados pela Library of America ainda em vida.
Blake Bailey, biógrafo de Roth, afirmou na noite de terça-feira que o autor morreu rodeado de amigos. A Agência Wylie, que o representava, confirmou sua morte ao BuzzFeed News.
A causa da morte foi insuficiência cardíaca congestiva, como revelou o agente literário Andrew Wylie à Associated Press. Nenhum outro detalhe foi disponibilizado.
Os fãs prestaram homenagens e compartilharam no Twitter suas lembranças sobre Roth.
Roth nasceu em 19 de março de 1933, em Newark, Nova Jersey — cenário de muitas das suas obras de ficção, incluindo Goodbye, Columbus, de 1959, composto por uma novela e cinco contos que ganharam o National Book Award em 1960.
Após o bacharelado na Universidade Bucknell e o mestrado na Universidade de Chicago, Roth publicou seu primeiro conto, The Kind of Person I Am (o tipo de pessoa que sou), na revista New Yorker em 1958.
Quase uma década depois, Roth chegou ao estrelato com O Complexo de Portnoy, um romance que tratava com profundidade temas pelos quais ele ficaria conhecido, como identidade sexual masculina e identidade judaica, embora na época a obra — assim como os trabalhos anteriores de Roth — tenha provocado um alvoroço entre rabinos e líderes intelectuais da comunidade judaica.
Nas décadas que se seguiram, Roth continuou conquistando as maiores honrarias do mundo literário, incluindo dois National Book Critics Circle Awards, três PEN/Faulkner Awards, um American Historians' James Fenimore Cooper Prize e dois UK's WH Smith Literary Awards.
O Pulitzer de 1998 chegou no fim de sua carreira, quando Roth embarcou em uma fase de escrita muito prolífica, produzindo alguns de seus trabalhos mais conhecidos, como A Marca Humana, em 2000, Complô Contra a América, em 2004, e Fantasma Sai de Cena, em 2007 — o último dos nove romances com o protagonista e às vezes narrador Nathan Zuckerman, um alter ego de Roth.
Em 2010, o presidente Obama premiou Roth com a Medalha Nacional de Humanidades. No ano seguinte, ele foi homenageado com o Man Booker International Prize pelo conjunto da obra no campo da ficção.
No entanto, para desgosto dos fãs, Roth nunca ganhou o Nobel de Literatura, um prêmio concedido apenas a autores vivos.
Em 2012, aos 79 anos, Roth anunciou que havia se aposentado, revelando à revista francesa Les Inrockuptibles que o romance Nêmesis, de 2010, seria seu último.
"Para ser sincero, cansei", afirmou Roth. "No fim de sua vida, o boxeador Joe Louis disse: 'Fiz o melhor que pude com o que tinha'. É exatamente o que eu diria sobre meu trabalho: fiz o melhor que pude com o que tinha."
Quando questionado sobre sua carreira em uma entrevista ao New York Times no início desse ano, Roth a descreveu como "euforia e agonia".
"Frustração e liberdade", Roth continuou. "Inspiração e incerteza. Abundância e vazio. Brilhar e se virar."
Na mesma entrevista, Roth também falou sobre envelhecer — um tema que ele explorou em algumas de suas últimas obras — e disse que era feliz por ainda estar vivo, embora entendesse que a vida poderia "acabar em um instante".
"Hoje em dia, acho surpreendente que eu ainda esteja aqui no fim de cada dia", disse Roth.
"Ao ir para a cama à noite, eu sorrio e penso: 'Vivi mais um dia'. E então é novamente surpreendente acordar oito horas depois e ver que continuo aqui na manhã seguinte. 'Sobrevivi outra noite', penso, e esse pensamento me faz sorrir mais uma vez."
A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Susana Cristalli.