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Há milhares de razões para se ler Philip Roth. Aqui estão algumas delas

Um dos maiores de sua geração, Roth escreveu sobre frustração, liberdade, inspiração e incerteza.

O romancista Philip Roth morreu aos 85 anos, como confirmaram seus representantes na noite de terça-feira (22).

Ícone literário, Roth foi um dos autores americanos mais celebrados de sua geração, vencendo o Prêmio Pulitzer de ficção em 1998 por seu romance Pastoral Americana — uma das muitas honrarias recebidas ao longo das várias décadas de sua carreira. Em 2005, ele foi o terceiro escritor americano cujos livros foram imortalizados pela Library of America ainda em vida.

Blake Bailey, biógrafo de Roth, afirmou na noite de terça-feira que o autor morreu rodeado de amigos. A Agência Wylie, que o representava, confirmou sua morte ao BuzzFeed News.

A causa da morte foi insuficiência cardíaca congestiva, como revelou o agente literário Andrew Wylie à Associated Press. Nenhum outro detalhe foi disponibilizado.

Philip Roth died tonight, surrounded by lifelong friends who loved him dearly. A darling man and our greatest living writer. https://t.co/v01QkXi7wD

"Philip Roth morreu esta noite, cercado por amigos da vida toda que o amavam muito. Um homem muito querido e nosso maior escritor vivo".

Os fãs prestaram homenagens e compartilharam no Twitter suas lembranças sobre Roth.

Me reading “The Plot Against America” in 2004: “Fascists running the US?! Chilling but it could never happen”. I feel very differently now. From “Goodbye Columbus” (still probably the funniest book I’ve read) to his later novels, he was exceptional, ruthless. RIP Philip Roth.

"Eu lendo 'Complô Contra a América' em 2004: 'Fascistas governando os EUA? Dá medo mas nunca poderia acontecer'. Agora penso diferente.

De 'Adeus Columbus' (que ainda é provavelmente o livro mais engraçado que já li) até seus livros mais recentes, ele era extraordinário, impiedoso. Descanse em paz Philip Roth".

When I worked at Shakespeare & Co., Philip Roth would yell at us any time his books were on the remainder table. I enjoyed it.

"Quando eu trabalhava na livraria Shakespeare & Co, o Philip Roth gritava com a gente toda vez que seus livros iam parar na mesa de promoções. Eu gostava".

Roth nasceu em 19 de março de 1933, em Newark, Nova Jersey — cenário de muitas das suas obras de ficção, incluindo Goodbye, Columbus, de 1959, composto por uma novela e cinco contos que ganharam o National Book Award em 1960.

Após o bacharelado na Universidade Bucknell e o mestrado na Universidade de Chicago, Roth publicou seu primeiro conto, The Kind of Person I Am (o tipo de pessoa que sou), na revista New Yorker em 1958.

Quase uma década depois, Roth chegou ao estrelato com O Complexo de Portnoy, um romance que tratava com profundidade temas pelos quais ele ficaria conhecido, como identidade sexual masculina e identidade judaica, embora na época a obra — assim como os trabalhos anteriores de Roth — tenha provocado um alvoroço entre rabinos e líderes intelectuais da comunidade judaica.

Nas décadas que se seguiram, Roth continuou conquistando as maiores honrarias do mundo literário, incluindo dois National Book Critics Circle Awards, três PEN/Faulkner Awards, um American Historians' James Fenimore Cooper Prize e dois UK's WH Smith Literary Awards.

O Pulitzer de 1998 chegou no fim de sua carreira, quando Roth embarcou em uma fase de escrita muito prolífica, produzindo alguns de seus trabalhos mais conhecidos, como A Marca Humana, em 2000, Complô Contra a América, em 2004, e Fantasma Sai de Cena, em 2007 — o último dos nove romances com o protagonista e às vezes narrador Nathan Zuckerman, um alter ego de Roth.

Em 2010, o presidente Obama premiou Roth com a Medalha Nacional de Humanidades. No ano seguinte, ele foi homenageado com o Man Booker International Prize pelo conjunto da obra no campo da ficção.

No entanto, para desgosto dos fãs, Roth nunca ganhou o Nobel de Literatura, um prêmio concedido apenas a autores vivos.

Em 2012, aos 79 anos, Roth anunciou que havia se aposentado, revelando à revista francesa Les Inrockuptibles que o romance Nêmesis, de 2010, seria seu último.

"Para ser sincero, cansei", afirmou Roth. "No fim de sua vida, o boxeador Joe Louis disse: 'Fiz o melhor que pude com o que tinha'. É exatamente o que eu diria sobre meu trabalho: fiz o melhor que pude com o que tinha."

Quando questionado sobre sua carreira em uma entrevista ao New York Times no início desse ano, Roth a descreveu como "euforia e agonia".

"Frustração e liberdade", Roth continuou. "Inspiração e incerteza. Abundância e vazio. Brilhar e se virar."

Na mesma entrevista, Roth também falou sobre envelhecer — um tema que ele explorou em algumas de suas últimas obras — e disse que era feliz por ainda estar vivo, embora entendesse que a vida poderia "acabar em um instante".

"Hoje em dia, acho surpreendente que eu ainda esteja aqui no fim de cada dia", disse Roth.

"Ao ir para a cama à noite, eu sorrio e penso: 'Vivi mais um dia'. E então é novamente surpreendente acordar oito horas depois e ver que continuo aqui na manhã seguinte. 'Sobrevivi outra noite', penso, e esse pensamento me faz sorrir mais uma vez."

A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Susana Cristalli.

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