Coleta de dados e vigilância do estado colocam em risco pessoas LGBTI+ dentro e fora da internet

    Aplicativos que coletam dados, marketplaces na dark web e a vigilância estatal são apenas alguns dos perigos com que as pessoas LGBTI+ têm que se preocupar no ambiente online.

    Um novo relatório dá uma ideia do campo minado de ameaças online enfrentadas pelas pessoas LGBTI+, desde a vigilância aberta do estado, passando pelo rastreamento via reconhecimento facial até informações de aplicativos de namoro que são compartilhadas com corretores de dados e anunciantes.

    A Recorded Future, uma empresa de segurança cibernética, lançou um olhar detalhado sobre o que as comunidades gay pelo mundo têm que enfrentar. A ideia, disse a diretora sênior Maggie McDaniel, era entender melhor onde é necessária uma pesquisa de segurança mais profunda.

    "É meio assustador", disse Evan Akin, consultor de inteligência associado que liderou o relatório. "Ele apenas mostra como é difícil navegar entre todos esses diferentes aplicativos, diferentes estados e diferentes regiões. Não há apenas problemas de segurança. Há problemas de privacidade de dados. Há problemas com viagens para essas diferentes regiões. Você não sabe quais são as leis, nem sabe o quanto elas são aplicadas."

    Com base em pesquisas existentes e novas, os resultados do relatório são sombrios. Mesmo nos poucos lugares onde as pessoas LGBTI+ estão sob menor ameaça de vigilância estatal, os aplicativos de namoro que elas podem estar usando ainda coletam dados e os compartilham com corretores de dados ou anunciantes. Isto inclui informações sensíveis como orientação sexual, localização, uso de drogas e até mesmo o status de HIV.

    Os pesquisadores analisaram Tinder, OkCupid, Grindr, Scruff e Her. O Scruff foi o único aplicativo que ofereceu proteções razoáveis para seus usuários, limitando as informações que o aplicativo coleta e compartilha. O resto dos aplicativos incorporam o compartilhamento de dados em seus modelos de negócios. Isto cria uma ameaça inerente mesmo com os aplicativos introduzindo proteções para seus usuários, como notificações caso estejam entrando em um país com leis anti-homossexualidade, pois essa informação pode ser transmitida sem o conhecimento deles.

    "O que estamos descobrindo é que, mesmo que eles não usem seu nome e seu número de telefone, ainda estão tendo uma quantidade suficiente dessa informação sendo coletada, capaz de identificá-los", disse Akin.

    As credenciais de login para os aplicativos de namoro também são uma mercadoria valiosa nos marketplaces da dark web, criando um risco adicional para qualquer um que reutilize senhas. No último ano, OkCupid e Tinder foram os alvos centrais dos criminosos cibernéticos.

    Essas questões já surgiram antes e o Grindr foi brevemente considerado uma ameaça à segurança nacional pelos EUA, quando uma empresa chinesa o comprou. A empresa foi forçada a vender de volta para um proprietário americano, mas isso ainda não significa que seja completamente segura para uso, devido aos dados sensíveis que coleta.

    "Se o governo americano está preocupado com os dados que estão sendo coletados no Grindr, você também deveria estar", disse Akin.

    Os dados que são coletados por anunciantes por meio de aplicativos de namoro "podem praticamente identificar a rotina diária das pessoas", disse Akin.

    "Isso realmente facilita a capacidade de mirar em indivíduos e então potencialmente processá-los sob diferentes leis ou estatutos", disse McDaniel.

    Ela apontou para descobertas da empresa de segurança cibernética FireEye que mostraram o governo russo visando os ativistas LGBTI+ online. No início deste mês, um referendo que tornou ilegal o casamento entre pessoas do mesmo sexo passou no país.

    Outros governos também usaram a internet como arma para atingir pessoas LGBTI+, mostra o relatório. Um estudo realizado em fevereiro de 2018 pela organização de direitos humanos Article 19 mostrou que o Egito, o Líbano e o Irã têm usado aplicativos e mídias sociais para rastrear e prender usuários. Em 2014, o exército israelense, segundo informações, identificou palestinos gays para chantageá-los, em parte por meio de vigilância.

    "A capacidade e a tecnologia que alimenta muitas das empresas de software de vigilância está crescendo e ficando mais poderosa a cada ano", disse Akin.

    Essas tecnologias incluem empresas de reconhecimento facial e análise de dados, que se tornaram mais poderosas nos últimos anos e frequentemente fazem parcerias com governos ou vendem seus serviços às autoridades policiais.

    "Isso destaca a necessidade de muitas das empresas por trás desses aplicativos e serviços voltados para a comunidade LGBTI+ de talvez reforçar seu negócio e torná-lo mais um esforço público — para se esforçar mais — para proteger e oferecer opções a seus usuários", disse Akin, "para que eles se sintam um pouco mais seguros e protegidos".

    Este post foi traduzido do inglês.

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