NOVA YORK E CURITIBA — Na tarde desta quinta (26), circulou a informação de que o ex-bilionário e agora foragido Eike Batista estaria escondido em um apartamento na Trump Tower, o luxuoso conjunto de apartamentos erguido pelo magnata Donald Trump nos arredores do Central Park, numa das zonas mais caras de Nova York. O BuzzFeed News esteve no local.
A prisão preventiva do antigo dono do império X foi decretada pela Justiça Federal do Rio no curso de um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil, está sob suspeita de ter pago US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Eike Batista, cujo império derreteu em 2013, havia tomado um voo na terça para Nova York. O jornal O Dia publicou nesta segunda a informação de que o empresário estava "hospedado no apartamento de um renomado advogado carioca, em Nova York". Trata-se do apartamento do advogado Sérgio Bermudes, que defende Eike, no complexo.
Ao chegar na área residencial da Trump Tower, a reportagem do BuzzFeed News ouviu um funcionário ligando para o apartamento de Bermudes a pedido de uma equipe da Record.
Enquanto os jornalistas da TV passavam por uma revista de segurança, um porteiro subiu ao apartamento para checar se o advogado estava em casa — não houve resposta.
Minutos depois, novamente no lobby, o mesmo porteiro disse que a equipe da Record havia subido para visitar o apartamento. Em seguida, o funcionário que atendeu a reportagem do BuzzFeed News da primeira vez liberou o acesso.
O apartamento estava completamente vazio, a não ser pelos três jornalistas. Todos os cômodos estavam bastante arrumados, aparentando terem passado por uma faxina no mesmo dia. Nenhum dos funcionários do edifício a quem o BuzzFeed News mostrou a foto de Eike Batista o reconheceu.
Investigadores temem que Eike chegue à Alemanha, país onde tem cidadania e de onde não poderia ser extraditado.
Enquanto tentam descobrir o paradeiro de Eike Batista, investigadores brasileiros temem que o empresário tenha fugido para a Alemanha.
Devido à sua mãe ter nascido naquele país, Eike possui cidadania alemã e usou um passaporte germânico para tomar o voo que na terça-feira o levou a Nova York.
Investigadores ouvidos pelo BuzzFeed dizem que, caso Eike efetivamente tenha tentado fugir e consiga chegar à Alemanha, sua extradição seria impossível.
Tal como o Brasil, a Alemanha não extradita seus nacionais e os dois países sequer possuem um tratado de extradição.
Casos frustrados envolvendo a transferência de suspeitos de crimes entre os dois países, inclusive, não são novidade.
Bauer, que matou namorada em Brasília, teve na Alemanha seu refúgio seguro.
Em 1987, o estudante Marcelo Bauer foi condenado por matar sua namorada com um tiro e facadas em Brasília.
Julgado à revelia, só foi localizado 10 anos depois na Dinamarca. Ele chegou a ser preso em 2000 pela Interpol, mas conseguiu responder o processo em liberdade, fez um pedido para obter cidadania alemã e seguiu para aquele país.
Devido à impossibilidade de extradição, o Brasil tenta hoje homologar a sentença contra Bauer para que ele cumpra pena naquele país.
Tal possibilidade, numa hipótese de Eike ter fugido para a Alemanha e ser condenado no Brasil, também seria possível.
Mas, assim como no caso Bauer, até mesmo a homologação de sentenças é um processo complicado e sem garantia de sucesso.
Este post foi traduzido do inglês.