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12 imagens icônicas que definem a história da fotografia de rua

"Só chega nesse nível de habilidade quem ficou insatisfeito com as primeiras mil fotos que tirou."

Desde 1947, a Magnum Photos atua representando o gigantesco talento de renomados fotojornalistas do mundo todo. Logo após a 2ª Guerra Mundial, um grupo de fotojornalistas e editores, incluindo os lendários fotógrafos Robert Capa e Henri Cartier-Bresson, teve a ideia de criar uma agência fotográfica cooperativa. Dizem os rumores que o nome Magnum foi escolhido como referência à enorme quantidade de champanhe geralmente consumida durante as primeiras reuniões. Desde então, os fotógrafos da Magnum já documentaram quase todos os eventos que mudaram o mundo e solidificaram a reputação da agência como uma das principais fontes de fotojornalismo de excelência do planeta.

O novo livro Magnum Streetwise narra a história do grande legado da fotografia de rua na Magnum e revela como os fotógrafos da agência não apenas documentaram o mundo à nossa volta, mas também alteraram a maneira como vemos o mundo. Neste post, o autor do livro, o fotógrafo e escritor Stephen McLaren, falou com o BuzzFeed News sobre a história da fotografia de rua e compartilhou conosco uma seleção de obras dos arquivos da Magnum.

Como a fotografia de rua evoluiu desde o seu surgimento, e como a Magnum se encaixa nessa história?

No fim do século 19, fotógrafos começaram a utilizar câmeras mais leves e filmes mais rápidos para registrar a vida pública, e esse é basicamente o início da história da fotografia de rua. Daí passamos para os anos 1920 e 1930, quando a ideia de tirar fotos espontâneas em espaços públicos difundiu-se mais. As décadas seguintes produziram alguns dos maiores fotógrafos de rua da história – gente como Weegee, Garry Winogrand, Lee Friedlander e Joel Meyerowitz.

O livro de 1994 Bystander: A History of Street Photography (Observador: Uma História da Fotografia de Rua, em tradução livre), de autoria de Colin Westerbeck e Joel Meyerowitz, provavelmente é o melhor relato dessa história até os dias de hoje. E é aí que eu entro para analisar como os fotógrafos da Magnum se encaixam nesse espaço de tempo e na cronologia dessa tradição, que começou basicamente após a 2ª Guerra Mundial com Henri Cartier-Bresson, um dos fundadores da Magnum. Ele é o ponto de referência para o modo como a Magnum abraçou a fotografia de rua.

Eu queria abordar como os escritórios da Magnum serviram de locação para algumas das melhores obras de fotografia de rua da história. A fotografia de rua foi inventada em Paris, mas logo mudou-se para lugares como Nova York, Londres e Tóquio. Então, levando em conta o fato de que a Magnum possui escritórios nessas cidades, achei que seria uma maneira interessante de examinar como esses lugares manifestaram seu próprio toque "pessoal" à fotografia de rua. Essas são as quatro cidades que possuem uma herança mais forte nesse aspecto.

Eu tentei, quando possível, destacar uma única série por fotógrafo. Eu acho que não é uma boa ideia avaliar o trabalho da vida de alguém ao longo de apenas oito páginas ou menos. Também busquei especificamente séries que foram sub-representadas. Eu tentei levar aos nossos leitores obras que eles talvez não conhecessem.

Quanto à temática, descobri após vasculhar os arquivos de vários fotógrafos que eles geralmente trabalhavam em temas similares. Achei que assim ofereceria um contexto, mostrando onde os fotógrafos encontraram um consenso no passado, talvez utilizando estilos, metodologias e técnicas diferentes para apresentar um olhar mais amplo sobre os mesmos tópicos. É outra maneira de aprofundar livro, mostrar o trabalho coletivo, em vez de apenas portfólios individuais.

Você possui uma série favorita dentre as apresentadas no livro?

Praticamente todas! Eu adoro todas, por isso é difícil escolher apenas uma. Mas me surpreendi ao descobrir o trabalho de Inge Morath, uma fotógrafa que trabalhou nos anos 50. Descobri que ela concluiu uma série volumosa na Espanha, e esse trabalho não foi muito divulgado nas últimas décadas. O fato de uma mulher ter feito esse trabalho em um lugar que, à época, era um Estado fascista e predominantemente machista é algo incrível. Ver o trabalho dela, muito espontâneo e com muita expressão artística, foi revelador. Provavelmente é um dos meus portfólios favoritos do livro.

Você tem alguma série favorita em Nova York?

O trabalho de décadas de Bruce Gilden em Nova York é incomparável. Há diversas fotos dele recém-descobertas no livro. Eu sempre corro atrás do que Bruce está fazendo e fez desde suas fotos em Coney Island, lá nos anos 70.

Mas também temos a obra muito interessante de Raymond Depardon, um fotógrafo francês que veio para Manhattan na metade nos anos 80 e teve uma experiência muito interessante, apesar de não falar inglês. Ele usou lentes grande-angular e tirou algumas fotografias muito interessantes. E, claro, há a obra de Bruce Davidson sobre o metrô nos anos 80. Era uma época muito perigosa para alguém sair por aí fotografando tão abertamente, então essa série é uma das obras-primas do gênero fotografia de rua.

O que você espera que as pessoas tirem de Streetwise?

Eu espero que as pessoas entendam que o impulso da fotografia de rua, sair por aí tirando fotos espontâneas para expressar-se artisticamente, ainda é válido como arte. É algo que continua nos dizendo algo sobre o mundo à nossa volta e é algo que, no fundo, é muito difícil de ser bem executado.

Você tem algum conselho para os fotógrafos iniciantes que esperam um dia chegar ao patamar dos fotógrafos apresentados no seu livro?

Meu conselho é, antes de tudo, aprimore sua técnica. As pessoas retratadas no livro estão em perfeita sintonia com as ferramentas que utilizam e com o ambiente onde estão. Para chegar a esse nível de habilidade, você precisa ficar insatisfeito com as primeiras mil fotografias que tirou – as boas imagens só aparecerão nas mil fotos seguintes. Pouquíssimos fotógrafos iniciantes estão dispostos a trabalhar tanto tempo assim.

A fórmula é técnica, mais horas de comprometimento e mais know how artístico. Isso tudo trará resultados com muito, muito trabalho duro. E, por último, estudar os arquivos das melhores obras já criadas. Eu não creio que alguém possa ser um ótimo fotógrafo de rua sem ver o que foi feito antes e é considerado uma obra excepcional.


Este post foi traduzido do inglês.

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