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15 fotos perturbadoras que mostram a vida secreta das fraternidades americanas

As fraternidades possuem regras próprias de conduta e ficaram conhecidas na cultura popular por terem “rituais secretos” e violentos ritos de iniciação.

Por sete anos, Andrew Moisey, professor de história da arte na Universidade Cornell, fotografou a cultura movida a testosterona das fraternidades nos Estados Unidos. Essas fotos – feitas nos anos 2000 em uma organização não identificada da Universidade da Califórnia em Berkeley – captam uma visão íntima e, às vezes, perturbadora do ambiente que molda muitos dos futuros líderes do país.

[Ao leitor brasileiro: fraternidades são casas universitárias americanas que, além de prover moradia, funcionam como clubes exclusivos e dão distinção social a seus membros. As fraternidades possuem regras próprias de conduta e ficaram conhecidas na cultura popular por terem “rituais secretos” e violentos ritos de iniciação. As fraternidades são supervisionadas por seus ex-membros, que mantêm contato com essas instituições mesmo depois de formados.]

The American Fraternity: An Illustrated Ritual Manual (A Fraternidade Americana: Um Manual de Rituais Ilustrado), publicado pela Daylight Books, compila esse trabalho no contexto da história dos Estados Unidos ao traçar paralelos entre os jovens nas fotos de Moisey e as pessoas que ajudaram a moldar os Estados Unidos da América — para melhor ou para pior.

De acordo com a página do livro no Indiegogo, "75% dos presidentes, senadores, juízes e executivos americanos fizeram juramentos de lealdade [a fraternidades da qual participaram]" — uma estatística preocupante em vista da natureza das fotos de Moisey.

Moisey escreveu para o BuzzFeed News sobre as motivações por trás do livro e compartilhou conosco uma seleção de imagens do jeito que pretende que elas sejam mostradas — sem contexto e acompanhadas por páginas reais da publicação.

Você já percebeu que a impressão que outros países têm dos Estados Unidos e dos americanos é muito semelhante à ideia que os americanos têm das “casas de fraternidade” e dos “garotos de fraternidade”? Em vista da arrogância, da hipocrisia, da depravação e do chauvinismo que distinguem os Estados Unidos no cenário mundial, essa ligação não deveria ser mais explorada?

O foco desse livro está nos presidentes dos Estados Unidos, nos juízes da Suprema Corte, nos membros do Congresso, nos CEOs e outros líderes americanos. De fato, The American Fraternity se concentra nos líderes dos EUA na juventude. Ao mesmo tempo, há um foco mais restrito no livro: a cultura interna das fraternidades. Tive a oportunidade de mostrar às pessoas a verdade íntima sobre algo que elas só viram em filmes ou ouviram falar por meio do jornalismo.

Isso é algo que eu queria para esse livro — uma intimidade desconfortável.

Esse trabalho começou quando meu irmão mais novo veio para Berkeley no meu 3º ano e me disse que queria entrar para uma fraternidade. Eu tinha acabado de fazer um curso de introdução à fotografia e estava obcecado com os trabalhos de Robert Frank, Roy DeCarava, Dorothea Lange e Walker Evans. Eu levava minha câmera para todo lado. Em algum momento, me dei conta de que, se eu pudesse ser como aqueles fotógrafos em um lugar tão secreto, controverso e importante como uma casa de fraternidade, algum dia eu poderia acabar com um projeto bem valioso.

Eu conhecia vários membros da casa antes de meu irmão entrar, então a filiação dele tornou minha presença mais legítima. Fiz amizade com vários caras da fraternidade. Muitos perguntavam por que eu tirava as fotos, e eu respondia: “para fazer um livro algum dia”. Alguns se referiam a ele como meu “livro de mesa” e, se você olhar a última foto, vai ver alguns deles apreciando as fotos desse jeito em sua gigantesca mesa de jantar.

Fiquei tão conhecido que, depois de alguns anos, eu era chamado quando ia acontecer algo interessante. Também prometi a todos que não usaria seus nomes nem o nome de sua fraternidade. Depois que meu irmão se formou, continuei a tirar fotos e me tornei o estranho que sabia mais sobre a casa do que muitos membros; parecia que eu era admirado.

Quero que as pessoas sintam que estão segurando um livro que nunca deveriam ver. Também quero que percebam algo que não está muito claro no livro. No último capítulo, vemos a única coisa que eu acho que sentiríamos falta, se finalmente acabássemos com a cultura da fraternidade. Sentiríamos falta de algo que Nietzsche percebeu que já não existe em nosso mundo microgerenciado e microagressivo dos tempos modernos: a selvageria.

Os gregos antigos e os gregos modernos — e por gregos modernos me refiro às fraternidades — têm festivais especiais em que adoram o lado do ser humano ligado à embriaguez, ao teatro, à performance e ao desrespeito por todos os códigos sociais, especialmente a respeitabilidade. Para os gregos antigos, isso fazia parte do festival de Dionísio. As fraternidades americanas são a última instituição do mundo moderno onde Dionísio está. Eu não esperava terminar com algum respeito pelas festividades dionisíacas das fraternidades. Isso só aconteceu depois que li Nietzsche.

Quem dera o que fosse aprendido na casa ficasse lá. Mas isso não é possível.

Para mim, a imagem do cachorro se destaca. A forma como o cachorro é tratado elimina qualquer esperança de que o que acontece no clube secreto dos meninos possa ficar no clube secreto dos meninos. O abuso parece uma curva senoidal se movendo através da imagem, interminavelmente dentro e fora dela, na direção do cachorro, do mundo exterior, incontrolável, facilitada por votos de sigilo. Essa imagem descreve perfeitamente o problema das fraternidades.

Espero que os jovens olhem esse livro e pensem: “Espera aí. Eu não quero que me vejam assim." Espero que todos, pelo menos, fiquem felizes que eu tenha feito o projeto, em nome da verdade. E espero que os acadêmicos de hoje estejam empolgados por seus colegas do futuro distante que vão descobrir esse livro. Como eu gostaria que tivéssemos algo parecido com esse livro para cada cultura do passado.

Para obter uma cópia de The American Fraternity: An Illustrated Ritual Manual, acesse daylightbooks.org.

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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.

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