Em 2016, Donald Trump fez uma promessa em sua campanha em sua campanha a presidente dos Estados Unidos: que o México pagaria por um muro de fronteira para solucionar o que ele descreveu como uma crise humanitária e de segurança nacional. Embora o México tenha mantido a posição de que não irá pagar por esse muro, a promessa de Trump se tornou desde então uma motivação para seus apoiadores e um símbolo dos sentimentos de anti-imigração e xenofobia.
Com o debate nacional sobre imigração como foco da próxima eleição presidencial americana, no ano que vem, uma nova exposição de fotos no Annenberg Space for Photography, em Los Angeles — W|ALLS: Defend, Divide, and the Divine — explora as muitas maneiras como os muros historicamente têm sido utilizados como ferramentas para divisão e ideologias. De momentos extraordinários, como a queda do Muro de Berlim, até as barreiras raciais, por vezes invisíveis, que segregaram o sul dos Estados Unidos na época de Jim Crow, a exposição é um olhar abrangente de como os muros moldaram e restringiram o mundo que conhecemos hoje.
Aqui, o curador da exposição, Jen Sudul Edwards, compartilha com o BuzzFeed News uma seleção de fotos do programa e discute o significado dos muros neste período de divisão sem precedentes.
Quando surgiu a ideia de uma exposição de fotos sobre os muros?
Jen Sudul Edwards: Esta conversa começou logo depois da eleição de 2016, durante a qual vários tópicos interessantes se tornaram óbvios. A ideia foi trazida a mim por Katie Hollander, diretora do Annenberg Space for Photography. Na época, o mantra "Construir esse muro" era muito popular durante a eleição presidencial americana, e também estávamos nos aproximando do 30º aniversário da queda do Muro de Berlim.
Katie e eu estávamos muito focados na fronteira entre o México e os EUA quando iniciamos esta exposição, mas dentro de um dia de pesquisa, acabamos descobrindo rapidamente que este é basicamente um fenômeno internacional. Por fim, decidimos abrir as lentes para além dos assuntos nacionais do EUA e redirecionar nosso foco para um exame global de todas as nações que estão ansiosamente construindo barreiras.
Você pode descrever como a exibição está dividida para mostrar como os muros têm sido usados historicamente?
JSE: Percebemos que se dividíssemos nossa pesquisa em seis categorias que cobrem a maioria das razões pelas quais as pessoas constroem barreiras, isso nos permitiria apresentar o trabalho de um modo gerenciável, mas também mostraria quão fluidas essas barreiras podem ser. As seis são Delimitação, Defesa, Dissuasão, O Divino, Decoração e O Invisível.
Divino e Invisível foram os mais surpreendentes, mas também os mais importantes para nós, pois eles englobam conceitos de sustentação espiritual e segurança, que frequentemente colocamos em objetos aparentemente permanentes. Coisas como monumentos ou lugares sagrados, como a Muro das Lamentações ou os muitos muros que os xerpas ergueram para suas peregrinações. No Invisível, queríamos enfatizar as barreiras não vistas, que dividem os movimentos. Isso com certeza é real nesta era digital, mas estamos também olhando para os muros internos que erguemos, que é realmente onde tudo isso começa.
O que você quer que as pessoas levem de W|ALLS?
Desde o início da história documentada, há evidências de muros sendo construídos. O que se passa com a natureza humana que, em tempos de ansiedade ou de incertezas, faz as pessoas erguerem muros? Quando você olha para o passado, descobre que os muros não são permanentes, e que eles nem sempre são usados para o que foram planejados. As fotografias que estão em exibição falam desta narrativa.
Gostaria de ver as pessoas serem um pouco mais conscientes e reflexivas. As fotos permitem uma observação bem direta do comportamento e da condição humana. Uma imagem pode parecer imediata e mantém a força de capturar nosso mundo. Eu realmente espero que as pessoas vejam estas fotos e pensem por que construímos barreiras e como talvez possamos derrubar algumas ao nosso redor.
Este post foi traduzido do inglês.