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Estas fotos incríveis mostram o que as crianças ao redor do mundo comem todos os dias

O fotógrafo Gregg Segal registrou como é a dieta de uma semana inteira de crianças dos mais diversos cantos do mundo.

Altadena, Califórnia, EUA — Alexandra Lewis, 9 (à esquerda), e Jessica Lewis, 8

O fotógrafo Gregg Segal é especialista em mostrar nosso impacto pessoal no mundo. Na sua série de 2014 7 Days of Garbage (7 dias de lixo, em tradução livre), Segal ilustra a enorme quantidade de lixo que a maioria das pessoas produzirá em uma única semana, fotografando as pessoas literalmente posadas com a quantidade de lixo produzida em uma semana. Para seu novo livro, Daily Bread, Segal muda seu foco das coisas que desperdiçamos para as coisas que consumimos, mostrando como é a dieta de uma semana inteira para crianças em todo o mundo.

Para garantir que o projeto capturasse com precisão o que as crianças estão realmente comendo no século 21, Segal contou com a ajuda de crianças de todos os tipos de origem cultural e econômica, pedindo a cada uma delas para manterem um diário do que comem diariamente. No final da semana, Segal contava com uma equipe de chefs preparando os pratos para uma sessão de fotos com cada criança. Os resultados mostram em perspectiva diferenças e semelhanças entre as dietas em diferentes países e classes.

Aqui, Gregg Segal compartilha uma seleção de fotos do Daily Bread e discute o que ele observou enquanto pesquisava como as crianças comem.

Nice, França — Rosalie Durand, 10

Onde a ideia para o Daily Bread começou?

Gregg Segal: O Daily Bread surgiu do 7 Days of Garbage. Comecei a perguntar: como nossas dietas têm sido afetadas por essa revolução na maneira como os alimentos são produzidos e consumidos? Eu pensei: e se nós mantivermos um diário de tudo o que comemos e bebemos durante uma semana para trazer nosso foco para a dieta, e termos domínio dos alimentos que comemos? Eu foquei nas crianças porque os hábitos alimentares começam cedo — e, se você não fizer o certo quando tiver 9 ou 10 anos, será muito mais difícil quando for mais velho!

Como foi a produção de cada uma destas fotos?

GS: Para as fotos no exterior, eu precisei de um produtor em cada país para encontrar as crianças. O objetivo era representar uma diversidade de dietas em cada local. Se a taxa de obesidade em um determinado país era de 25%, procurei refletir essa porcentagem em minha pequena amostra de crianças.

Cada criança mantinha um diário de tudo o que comia durante uma semana. No final da semana, os produtores coletavam os diários, verificavam se estavam completos e entregavam aos cozinheiros, que compravam todos os ingredientes e reproduziam todas as refeições. Eu fotografava até cinco crianças por dia, então os cozinheiros eram responsáveis por preparar mais de 100 refeições. Eram muitas vezes 14 horas por dia preparando os alimentos. Era exigente e exaustivo!

Long Beach, Califórnia, EUA — Isaiah Dedrick, 16

Região do Alto Xingu de Mato Grosso, Brasil — Kawakanih Yawalapiti, 9

Depois que toda a comida era preparada, eu organizava os pratos e outros elementos no enquadramento. Às vezes, eu tinha o luxo da colaboração de um estilista de alimentos, embora muitas vezes fosse apenas eu organizando.

Você pode falar sobre as principais diferenças nas dietas das crianças ao redor do mundo?

GS: São as semelhanças, não as diferenças, que são notáveis. As crianças que conheci têm personalidades distintas e passatempos variados, mas normalmente estão comendo de forma estranhamente parecida.

Compare as dietas de Paulo, da Sicília, e Isaiah, de Los Angeles. No passado, um menino siciliano teria crescido comendo alimentos muito diferentes de seu colega americano, mas agora suas dietas estão convergindo. Tanto Paulo quanto Isaiah comem batatas fritas, hambúrgueres, pizza, massas e pão branco. Eles vivem em continentes distintos, mas é como se os pais dos meninos estivessem fazendo compras no mesmo supermercado global!

Dacar, Senegal — Meissa Ndiaye, 11

Mumbai, Índia — Anchal Sahani, 10

Quanto a globalização tem afetado as dietas das crianças em todo o mundo?

GS: Enormemente. Eu acho que estamos em um ponto de inflexão. O balanço do que a maioria das crianças come está agora drasticamente diminuindo de ensopados caseiros e legumes para alimentos e salgadinhos ultraprocessados e embalados, muitos deles desenvolvidos para atrair as crianças.

Por exemplo, há achocolatados bebidos por crianças de Hamburgo a São Paulo, e de Mumbai a Dubai. A mesma história ocorre em todo o mundo, muitas vezes com os alimentos da mesma marca comercializados pelas mesmas corporações multinacionais.

Houve algo totalmente inesperado que você descobriu ao pesquisar essas dietas?

GS: Uma das lições mais surpreendentes do Daily Bread: as dietas de melhor qualidade são frequentemente feitas não pelos mais ricos, mas pelos que vivem na pobreza.

Nos EUA, as pessoas de baixa renda são as maiores consumidoras de porcarias, porque são convenientes e baratas. Mas em Mumbai, uma pizza média da Domino's custa US$ 13, que está muito além dos recursos da maioria das pessoas — como Anchal, de 10 anos, que mora com a família em uma cabana de alumínio de 6 m². Seu pai ganha menos de US$ 5 por dia, e sua dieta não inclui frutas frescas, mas ela tem uma dieta saudável e tradicional de quiabo com curry, lentilha e roti, que a mãe de Anchal cozinha todos os dias com um fogareiro de uma única boca a querosene.

Shraman, de 12 anos, mora em um arranha-céu de classe média em Mumbai e come de maneira muito diferente. A renda extra de sua família significa que ele pode pagar uma pizza da Domino's, frango frito e guloseimas, como barras de Snickers e chocolate Cadbury.

Kajang, Malásia — Nur Zahra Alya Nabila Binti Mustakim, 7

Gombak, Malásia — Altaf Rabbal DLove Bin Roni, 6

O que você espera que as pessoas tirem dessas imagens?

GS: Para mim, fotografia é colaboração. É um processo que convida à reflexão tanto os retratados nas fotos quanto os espectadores.

Enquanto eu fotografava Adveeta, esta menina de 10 anos com um elegante vestido amarelo, seu pai assistia enquanto as fotos apareciam no meu notebook. Ele balançou a cabeça e disse: "Eu não consigo acreditar que a Adveeta está comendo toda essa porcaria! Eu terei que falar com a mãe dela!"

Eu me lembro de uma mãe solteira em Los Angeles, que olhou para todas as porcarias na dieta de sua filha e culpou seu ex-marido. "Exceto por aquela tigela de brócolis! Essa foi a noite em que ela estava em casa comigo!" Os pais estão culpando uns aos outros em todo o mundo por causa desse projeto — o que me diz que isso está ajudando a mudar a situação acerca da dieta. Esse projeto que realizamos juntos tem uma vida além da nossa interação. Potencialmente, tem um impacto ao longo da vida.

Kuala Lumpur, Malásia — Beryl Oh Jynn, 8

Hamburgo, Alemanha — Greta Moeller, 7

A colaboração também se estende aos espectadores. Eu encorajo as crianças que olham para essas fotos a fazerem algumas perguntas simples sobre suas próprias dietas:

1. Quantos dos alimentos que você come vêm direto da horta, e quantos são processados e embalados? Tente substituir alguns dos alimentos processados em sua dieta por alimentos integrais.

2. Quantos ingredientes há nos alimentos embalados? Tem mais de cinco? Evite alimentos com mais de cinco ingredientes. Evite especialmente os ingredientes que você não consegue pronunciar!

3. Quantos dos alimentos que você come aparecem em um comercial de TV? Evite alimentos que tenham um comercial.

4. Quantas cores há nos alimentos que você come? Se a sua dieta é toda branca, amarela e marrom, você não está ingerindo vitaminas e nutrientes suficientes. É simples assim!

5. Tem alguma coisa verde em sua dieta?

Dubai, Emirados Árabes Unidos — Yusuf Abdullah Al Muhairi, 9

Kuala Lumpur, Malásia — Mierra Sri Varrsha, 8 (l), and Tharkish Sri Ganesh, 10

Este post foi traduzido do inglês.

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