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Estas fotos retratam como é sobreviver à COVID-19

"Estou viva e todas as manhãs, quando acordo, me sinto grata por isso."

A fotógrafa Morgana Wingard mora na cidade de Nova York (EUA) e acompanhou de perto a trajetória da COVID-19 enquanto o vírus espalhava-se entre os meses de março e maio, infectando 211.000 e matando mais de 17.000 pessoas na cidade. Após cobrir o surto de Ebola em 2014 na África Ocidental, Wingard percebeu as claras semelhanças entre essas duas crises e como a proliferação de informações das pessoas que sobreviveram ao Ebola ajudou a reduzir a disseminação do surto.

No fim de abril, o estado de Nova York era o epicentro da pandemia de coronavírus nos EUA e havia atingido o pico da taxa de infecção, apresentando aproximadamente 250.000 casos notificados e cerca de 15.000 mortes. No seu pico, mais de 500 mortes por COVID-19 eram registradas diariamente, além de 1.700 internações hospitalares por dia.

Mais de 100 dias após a implementação do lockdown, o estado de Nova York não é mais o epicentro da pandemia de coronavírus nos EUA – e agora possui uma das menores taxas de infecção por COVID-19 do país. Enquanto isso, estados que encerraram prematuramente as restrições comerciais e de circulação estão enfrentando agora um aumento no número de novos casos. Em 21 estados dos EUA, os casos de COVID-19 estão subindo. Em alguns casos, as autoridades sanitárias locais perceberam um aumento de 92% nas suas médias semanais.

Para ajudar a compartilhar informações e alertas vitais sobre os perigos do coronavírus, Wingard criou o projeto Coronavirus Survivor Diaries (Diários de Sobreviventes do Coronavírus, em tradução livre), uma série documental em andamento que compartilha os rostos e as histórias de pessoas que sobreviveram à COVID-19.

Neste post, Wingard falou com o BuzzFeed News sobre as semelhanças e as diferenças entre a atual pandemia e o surto de Ebola na África Ocidental, com base em suas próprias experiências, além de ressaltar a importância de contar a história dos sobreviventes.

Jen, de Manhattan (Nova York).

Como o projeto Coronavirus Survivor Diaries teve início?

Morgana Wingard: À medida que a COVID-19 começou a se espalhar por Nova York no início do ano, me recordei, assustada, do surto de Ebola na Libéria em 2014. Eu havia me mudado para o país um ano antes e passei meses ajudando organizações humanitárias internacionais a compartilhar suas histórias de impacto social. Após a maioria dos meus amigos ter sido evacuada quando o Ebola se espalhou pela capital no verão de 2014, fiquei mais alguns meses por lá. Meses esses que foram dominados por um vírus que alimentava incertezas, medo, fake news e remédios fajutos – não muito diferente do ambiente atual.

Aprendi mais do que eu jamais achei que aprenderia sobre epidemiologia, enfrentando uma crise médica sem precedentes, e sobre o impacto crítico da comunicação em situações como essas. Foi um dos períodos mais complicados na minha vida, mas eu não abriria mão dessa experiência por nada neste mundo em razão de tudo o que aprendi. Como testemunha inusitada, observei o que não funcionava. Mas também descobri o que funcionava.

A maior lição disso tudo foi que os sobreviventes possuem um papel fundamental em um surto. Na verdade, muitas das respostas que procuramos podem ser encontradas nos sobreviventes – tanto em seus corpos quanto em suas histórias. Naquela época, assim como agora, as pessoas precisavam de informações de pessoas que conheciam e em quem confiavam, por isso as organizações humanitárias passaram a trabalhar com os sobreviventes para repassar dados vitais que alertassem, educassem e encorajassem suas comunidades – que o Ebola era real, o que as pessoas poderiam fazer para se proteger e o que deveriam fazer caso alguém ficasse doente. E, igualmente importante, isso oferecia esperança em um período tomado pelo medo.

Dr. Odutola, do Bronx (Nova York).

Eu não sou uma socorrista que pode salvar a vida de alguém através de primeiros socorros. Eu não sou uma cientista que pode desenvolver uma vacina. Eu não sou uma política que pode tomar decisões importantes sobre a saúde pública. Parece que eu não sou capaz de realmente fazer uma diferença. Eu sou apenas uma contadora de histórias. Mas eu acredito que há uma força em aprender com as histórias alheias. Por isso, quando o surto de COVID-19 começou a se espalhar pelo meu atual lar, a cidade de Nova York, criei este projeto pessoal para documentar e compartilhar estas valiosas histórias através de uma série de retratos e relatos pessoais de sobreviventes da COVID-19, para conscientizar as pessoas agora e documentar nossa experiência compartilhada para a história.

Durante o surto de Ebola, criamos um projeto chamado Ebola Diaries (Diários do Ebola, em tradução livre), por isso decidi chamar o novo projeto de Coronavirus Survivor Diaries.

Na sua opinião, em que a pandemia de coronavírus nos EUA se difere do surto de Ebola na Libéria?

A epidemia de coronavírus é diferente do surto de Ebola na África Ocidental em 2014 porque todos estamos vivenciando isso juntos. O surto de Ebola se limitou a três países em um continente. O vírus atual se espalhou pelos seis continentes, quase nenhum país ficou ileso. O "bom" disso é que todos estão passando juntos por essa crise, então há um nível de compreensão mútua à medida que compartilhamos essa experiência. De certa forma, isso nos une.

Melvin, de Manhattan (Nova York).

Como você encontrou estes sobreviventes?

O meu contato com os sobreviventes se deu de várias maneiras, mas principalmente via redes sociais. Fiquei impressionada com quão abertas as pessoas são com uma completa estranha, revelando os momentos mais íntimos de sua jornada pela COVID e permitindo serem fotografadas – a uma distância segura e com máscaras.

Por que é importante contar suas histórias?

É importante contar as histórias dos sobreviventes por dois motivos. Primeiro, muitas das respostas que procuramos podem ser encontradas nas informações que os sobreviventes têm para compartilhar: como a doença é contraída, como se espalha, qual o seu impacto no corpo, o que ajuda na cura, como essas pessoas lidaram com isso, etc. Segundo, os sobreviventes podem alertar, educar e encorajar suas comunidades: contando sobre suas experiências, desfazendo mitos e encorajando as pessoas a levarem a doença a sério, ao mesmo tempo em que dão a elas a esperança de que isso vai passar.

Como a sua impressão sobre a pandemia de coronavírus mudou após ter começado a trabalhar nesse projeto?

A princípio, fomos informados que o vírus era uma doença respiratória. Conversando com muitos dos sobreviventes, ficou claro que ele ataca muito mais do que apenas os pulmões.

Eu achava que os Estados Unidos estavam mais bem preparados para combater um surto. Fiquei surpresa com as medidas que tomamos. De certa forma, alguns países africanos se saíram muito melhor no combate à doença do que nós. A Libéria levou a ameaça do vírus muito a sério. Os papéis se inverteram. Eles já colocavam todas as pessoas que entravam no país vindos de Nova York em quarentena antes da primeira notificação de um caso na Libéria. Fiquei muito orgulhosa delas. Acho que podemos aprender muito com o exemplo deles.

Tiffany, do Harlem (Nova York).

Barbara, de Manhattan (Nova York).

Lucky, do Bronx (Nova York).

Sandra, de New Rochelle (Nova York).

Dr. Joseph Feuerstein, do Condado de Fairfield (Connecticut).

Paul, de Long Island (Nova York).

James, do Brooklyn (cidade de Nova York).

Jillian e Jessica, da cidade de Nova York.

Michael, de Nova Jersey.


Este post foi traduzido do inglês.

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