Para várias mães de primeira viagem, amamentar pode ter tanto uma experiência recompensadora quanto um desafio intimidante. Enquanto estudos mostraram que o leite materno pode auxiliar no desenvolvimento de imunidades mais fortes nos bebês e fornecer uma nutrição ótima para recém-nascidos, o ato de amamentar geralmente é associado a um estigma em vários lugares do mundo.
Amamentar também pode ser física e psicologicamente exigente — para mães novas que não podem amamentar os seus bebês, pode ser uma fonte de ansiedade e sentimentos de insuficiência. Nos EUA, onde seios foram sexualizados por gerações de publicidade e consumismo, amamentar em um espaço público também pode ser o motivo de nojo e desdém. O que talvez seja um dos atos mais elementares da maternidade geralmente é considerado tabu nos EUA e no Reino Unido.
Em um esforço para ajudar a dissolver um pouco do estigma e do mito acerca do tópico, a fotógrafa londrina Sophie Harris-Taylor criou a Milk, uma série de fotografias íntimas e entrevistas com mães novas sobre as suas experiências com a amamentação. Aqui, Harris-Taylor compartilha com o BuzzFeed News uma seleção de fotos da Milk e discute sobre onde o projeto começou para ela.
O que inspirou a Milk e onde o projeto começou para você?
Ao ter me tornado mãe pela primeira vez, eu estava completamente surpresa por como amamentar era como um campo minado. Enquanto passava por complicações sozinha, isso me fez querer começar a conversa acerca da modelo e tentar mostrar algo um pouco mais realista do que talvez estejamos acostumadas. Esse estágio da maternidade é uma montanha-russa emocional, e eu acho que quis revelar um pouco disso e explorar a gama de emoções das mães e dos bebês.
Quais são alguns dos estigmas que o seu trabalho aponta?
Eu acho que amamentar é visto de formas diferentes no mundo inteiro, até mesmo entre regiões diferentes do Reino Unido. Logo, eu não gostaria de generalizar demais sobre como isso é visto. Mas parece continuar sendo tabu. Para muitas pessoas, e não só para homens, elas acham meio que nojento. Eu acho que os seios das mulheres se tornaram tão sexualizados que o verdadeiro propósito deles foi quase esquecido.
Eu acho que a mídia é amplamente a favor da amamentação, mas ela tende a não apontar as complicações e realidades disso. Quando vemos algo sobre amamentação na mídia, tende a ser de certa forma protegido. E também, muito da discussão tende a ser sobre amamentar em público, o que é importante, mas há muito mais coisas que não são analisadas. Eu acho que o debate de que "do peito é melhor" é muito simplista e binário — a realidade de muitas mulheres é muito mais variada.
Como você conhece as modelos das suas fotos?
Para vários projetos pessoais meus, eu uso redes sociais, formulando os nossos testes de atuação e também enviando mensagens para as pessoas que já estão falando sobre as modelos nos quais eu já esteja focando. Eu costumo achar que estou batendo a minha cabeça contra um muro de tijolos, mas cedo ou tarde encontrar os primeiros voluntários e começar a fazer as sessões significa que eu posso compartilhar imagens que chamem mais as pessoas para o projeto.
Essas fotos são tão naturais, verdadeiras e honestamente íntimas — você pode falar um pouco sobre o seu processo de fotografia e nos guiar por uma sessão de fotos?
Eu geralmente acabo fotografando a maioria dos meus voluntários na casa deles. Isso tende a dar um pouco de contexto para as fotos, mas também deixa as modelos extremamente relaxadas — elas estão nas suas próprias camas, sofás... Então, de certa forma, isso é completamente natural. Eu sempre tento conhecer um pouco das minhas modelos antes de pegar a minha câmera. Os temas dos meus projetos tendem a ser muito pessoais, então nos conectamos a partir dele, de certa forma.
Cada foto foi completamente diferente. Não é algo que eu planeje Os bebês têm a própria forma deles de se alimentar, e eu só segui o fluxo. Algumas das mães talvez estivessem um pouco reservadas e nervosas, e outras mais abertas e confiantes. Então, foi um processo diferente para todas elas, em certos pontos. Para a maioria das fotos, eu trazia comigo o meu bebê também — eu acho que isso meio que ajudou a construir aquela ligação com as mães.
Também havia essa distração para as mães. Elas têm algo mais importante para fazer durante a amamentação, em vez de ficarem ali sentadas se preocupando com a pose e expressão delas, como uma modelo geralmente faria.
Qual foi a coisa que você tirou desse trabalho que foi totalmente inesperada?
Que eu não estava sozinha na minha experiência.
Você planeja continuar com esse projeto em algum nível de produção?
Atualmente eu estou falando com um dos hospitais de Londres sobre exibir o meu trabalho na ala de partos — seria incrível tirar o trabalho do mundo da arte e fotografia e colocá-lo onde parece ser mais importante.
O que você definitivamente espera que as pessoas concluam dessas fotos?
É claro que esse não é um guia de amamentação de jeito nenhum, mas eu espero que as mulheres que tenham amamentado, ou que estejam amamentando em particular, possam perceber que não estão sozinhas. Eu espero que as pessoas compreendam que amamentar é um campo minado que leva muitas emoções positivas e negativas a muitas mulheres. Para qualquer um que veja a série, eu realmente espero que ela dê às pessoas uma compreensão levemente mais circular dos pontos altos e baixos disso tudo.
Este post foi traduzido do inglês.