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Como detetives amadores e a polícia usaram sites de DNA para encontrar um serial-killer dos anos 70

O "assassino de Golden State", acusado de 51 estupros e 12 assassinatos na Califórnia entre 1974 e 1986, foi identificado por meio do DNA de parentes em sites de genealogia. Joseph James DeAngelo, 72, foi preso na semana passada.

A identificação do DNA do serial-killer conhecido como o "assassino de Golden State" era inevitável, dizem os investigadores e especialistas em genética, uma resposta esperada após uma caçada genética que durou seis anos.

Preso na semana passada, Joseph James DeAngelo, 72, é acusado de 51 estupros e 12 assassinatos na Califórnia entre 1974 e 1986. Sua captura é o primeiro relato conhecido da identificação de um suspeito pela polícia por meio do DNA de parentes em sites de genealogia.

"É o desfecho que todos previam", disse o professor de ciência da computação Yaniv Erlich, da Universidade Columbia, ao BuzzFeed News. Em um estudo de 2014, Erlich e um colega previram que a polícia recorreria a sites de “triangulação genealógica”, como o GEDmatch, frequentemente usado por pessoas adotadas para encontrarem parentes, para caçar um suspeito ou seus familiares.

It is hard to predict the future, but in 2014, we conveyed a similar scenario to the Golden State killer reID using GEDmatch. See our @NatureRevGenet manuscript here: https://t.co/feKo79tcIH https://t.co/MsiLGpq4wR

"É difícil prever o futuro, mas, em 2014, pensamos em um cenário similar para o assassino de Golden State usando o GEDmatch,"

Parece ser exatamente isso o que aconteceu. O investigador Paul Holes confirmou que o GEDmatch, site que compartilha publicamente perfis genéticos e árvores genealógicas, forneceu informações sobre parentes do suspeito baseadas no DNA da cena do crime.

"Era apenas uma questão de tempo. Sabíamos que isso aconteceria", disse Billy Jensen, jornalista e investigador do programa de televisão "Crime Watch Daily", ao BuzzFeed News.

Em 2013, as autoridades liberaram os marcadores genéticos do assassino para investigadores independentes, incluindo Jensen, Paul Haynes e a falecida Michelle McNamara (que era casada com o comediante Patton Oswalt). McNamara havia feito pesquisas de nomes de familiares em bancos de dados de genealogia um ano antes. Sua investigação é narrada no livro "I'll Be Gone in the Dark", que foi lançado após a morte de McNamara.

Assim como Holes, os investigadores independentes também vasculharam o GEDmatch e outros bancos de dados públicos. "Estávamos inserindo o perfil do assassino nesses bancos de dados a cada três ou quatro meses, na esperança de que uma nova entrada de um familiar tivesse sido acrescentada desde a última verificação", disse Jensen.

A matemática dessas pesquisas é bastante simples, disse Erlich. Todo mundo tem uma mãe e um pai, e a maioria das pessoas tem mais primos. Seu número de possíveis parentes correspondentes aumenta exponencialmente com cada grau de parentesco, criando uma rede familiar em torno do seu genoma.

“Quando você parte para os primos distantes, todos nos EUA têm um parente em algum lugar nos bancos de dados”, disse Erlich. Isso significa que uma busca razoável de alguns graus de separação poderia resultar em torno de 140 pessoas, metade deles excluíveis por gênero, e muitos do que restou excluíveis por idade, restando um grupo suspeito de talvez algumas dezenas de pessoas que poderiam ser investigadas pelo trabalho tradicional da polícia.

O GEDmatch tinha cerca de 100 mil genomas listados em 2014, mas hoje já tem mais de um milhão, número que aumenta a cada dia.

A equipe por trás do livro "I'll Gone in the Dark" frequentemente lamentava não poder usar os imensos bancos de dados de genomas presentes em sites fechados de DNA, como o Ancestry ou o 23andMe, disse Jensen. Seria possível encomendar uma versão sintética do DNA do assassino de um laboratório, misturá-la com água para fazer um substituto de amostra de saliva e depois submetê-la a um dos serviços privados para ver se gerava qualquer correspondência. No entanto, eles nunca fizeram isso. "Acreditávamos que haveria uma correspondência nos próximos cinco anos somente a partir dos bancos de dados públicos".

Esse tipo de conta falsa violaria os termos de serviço de sites privados, como o Ancestry, que exige que o usuário possua a amostra de DNA e oferece rigorosos controles de privacidade passo a passo.

Ainda assim, não há muito o que uma empresa possa fazer para impedir isso, se um investigador não se importar de ser expulso do site depois de criar uma conta falsa. "Em geral, acho que podemos concordar que foi muito bom poder capturar esse cara", disse Erlich. "Mas também seria bom se começássemos uma discussão mais ampla sobre como devemos usar esse tipo de informação."



Este post foi traduzido do inglês.

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