Quase 2 meses depois da passagem do furacão Dorian, cães ainda esperam por resgate nos escombros

    "É a vida humana versus a vida animal, e eu entendo isso, mas agora que a vida humana está mais segura, é hora de realmente mergulhar de cabeça e ajudar esses animais."

    MARSH HARBOUR, Bahamas — Eles encontraram Schnapps se escondendo em um ferro-velho. Sua irmã, Peach, não estava longe. Ela deu à luz filhotinhos em algum lugar, mas eles não foram encontrados. Hoops, um pitbull acinzentado e de olhar dócil, sofre de uma tosse forte que sacode seu corpo magro. Ele não deve viver muito, mas quem sabe? Ele acabou de lutar contra um furacão.

    Os três cães fazem parte de um grupo esquelético que tem vivido entre casas desmoronadas e pilhas de lixo sob o calor constante e intenso das Bahamas por quase dois meses depois que um furacão histórico da Categoria 5 atingiu o país do Caribe, transformando a maior parte da ilha Grande Ábaco em um campo de detritos.

    Embora o número de mortos não tenha aumentado muito — em torno de 60 pessoas durante semanas —, muitos moradores ainda estão desaparecidos, e as famílias estão lutando com o fato de que talvez nunca recebam confirmação oficial do paradeiro de seus parentes. Muitas pessoas ainda estão desabrigadas, vivendo em igrejas, tendas e abrigos superlotados, sem emprego e perdendo a esperança. Nesse cenário, a situação dos animais perdidos ou abandonados acaba sendo uma das últimas prioridades.

    É aí que entra uma mistura de grupos de ajuda, voluntários, veterinários locais e equipes de resgate de animais equipados com drones infravermelhos de alta potência. Desde que o furacão Dorian invadiu as Bahamas em 1º de setembro, o Big Dog Ranch resgatou mais de 151 cães e gatos presos em escombros ou perambulando por montes de lixo procurando restos de comida e água nas ruínas de suas antigas vizinhanças. O grupo reuniu mais de 60 animais de estimação com suas famílias, transportou 50 cães de volta ao seu rancho de 33 acres na Flórida (EUA), comprou mais de 70 quilos de comida para cães e financiou quase 20 missões aéreas e marítimas para trazer suprimentos.

    "É a vida humana versus a vida animal, e eu entendo isso, mas agora que a vida humana está mais segura, é hora de realmente mergulhar de cabeça e ajudar esses animais", disse Patrick McKann, que está ajudando o Big Dog Ranch Rescue a construir canis e operar um centro veterinário improvisado dentro de algumas casas danificadas em Treasure Cay.

    Conhecido como o "Cowboy do Furacão", o leiloeiro da Virgínia cresceu com animais de fazenda, ganhando dinheiro extra para ajudar sua família montando cavalos de leilão e touros de tourada. Recentemente, McKann tem salvado animais de furacões, arrancando frangos e galinhas-d'angola presos em gaiolas e transportando caminhões cheios de porcos, burros e vacas deixados para trás em fazendas inundadas durante tempestades como Harvey e Florence.

    "Eu cresci muito pobre, e acabei passando muito tempo montando e ficando com esses animais", disse o homem de 43 anos. "Em uma situação ruim, eles geralmente não são prioridade ou são esquecidos, e isso acabou se tornando uma coisa minha."

    No mês passado, McKann foi atrás de cães desabrigados, como Shadow, uma doce mistura de collie preta encontrada sozinha em Sand Banks, alimentando-os duas vezes por dia e ajudando a construir um canil para abrigar os filhotes antes de eles serem enviados de volta para as famílias ou para abrigos nos EUA.

    "Muitos deles são muito ariscos, então os alimentamos por um tempo para criar confiança, para que você possa levar alguns caminhões até eles e trazê-los com segurança, como os dois", disse McKann, acenando com a cabeça para Peach e Schnapps. "Alguns deles tiveram lesões, cães realmente feridos. Patas quebradas. Cada um deles é diferente, e tentamos dar a eles o que precisam."

    As equipes de resgate encontraram cães com patas quebradas, arranhões, dirofilariose e outras doenças e infecções, disse Debbie Hilton, gerente de adoção do Big Dog Ranch. Eles puxaram um cachorro, agora chamado Sherlock, para fora dos escombros usando uma corda "como um laço".

    "Eu chorei vendo isso", disse ela.

    De pé à beira do que costumava ser o Mudd, uma vila de imigrantes na maioria haitianos que agora parece ter sido atingida por uma bola de boliche gigante, Douglas Thron aponta para o pequeno corpo branco apitando na tela brilhante do seu sensor infravermelho. É um vira-lata feroz, um potcake, como dizem os bahamenses, que as câmeras com zoom de sensor de calor e operadas por drones do Thron captaram nos detritos.

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    Um vídeo de drone feito por Douglas Thron mostra cães captados em uma câmera infravermelha.

    Primeiro, Thron começou a usar drones para encontrar animais perdidos, assustados e aprisionados que ficaram desabrigados por desastres naturais no ano passado durante o incêndio mais mortal da Califórnia, que destruiu milhares de casas e fez as pessoas fugirem para salvar suas vidas com pouco tempo para pegar seus animais de estimação aterrorizados.

    Tendo usado um drone para capturar a destruição de outro incêndio violento alguns anos antes, Thron percebeu a capacidade única do equipamento de localizar o calor do corpo brilhante de um pequeno animal pulsando sob telhados desabados, carros queimados e montes de detritos.

    "Dezenas e dezenas de gatos foram deixadas para trás", disse Thron. "A parte mais crucial de um desastre é uma corrida contra o tempo. Quanto mais cedo você puder salvar o animal, melhor. O drone economiza tempo valioso e permite que as equipes de resgate façam o que fazem de melhor e cheguem aos animais mais rápido, em vez de tentarem ficar procurando."

    Inspirado pela percepção de que ele era uma "cobaia" para esse tipo de busca e salvamento de animais, Thron iniciou um GoFundMe para ajudar a comprar o drone infravermelho de US$ 40 mil. Desde então, ele encontrou mais de vinte cães e gatos desabrigados na rastro do Dorian, aprimorando suas coordenadas e enviando o local para os vários grupos de resgate de animais.

    É melhor procurá-los de manhã cedo, disse Thron, quando os animais estão descansando ou procurando algo para comer. Eles são fáceis de encontrar do céu, mas salvá-los às vezes requer paciência. Eles geralmente estão nervosos, famintos e alertas enquanto cuidam de cortes, erupções cutâneas e ossos quebrados.

    "A menos que estejam feridos, então eu posso entrar e pegá-los", disse Thron, antes de procurar desmontar o drone. "Você ouviu sobre aquele que acabamos de encontrar? O milagre?"

    No início deste mês, as câmeras infravermelhas de Thron captaram calor corporal sob uma construção desabada. Trabalhadores do Big Dog Rescue foram para o local e encontraram um vira-lata esquelético preso embaixo de um aparelho de ar-condicionado.

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    Um vídeo do Big Dog Ranch mostra o resgate de Milagre.

    Embora seu corpo estivesse quebrado e 50% de sua massa e músculos tivessem desaparecido, ele conseguiu abanar o rabo quando o puxaram dos escombros, disse o grupo no Facebook. Eles o batizaram de Milagre.

    "Foi realmente um milagre. Não sei como um cachorro foi capaz de sobreviver por um mês basicamente preso entre duas unidades de ar-condicionado", disse Thron.

    Como muitos dos cães, Milagre tem um longo caminho de cura e recuperação física e emocional. A maioria tem vermes, o que geralmente é fatal.

    Para os humanos, encontrar e cuidar dos animais até ficarem saudáveis é uma missão desgastante e cansativa, mas também uma missão gratificante e emocionante. Vários voluntários adotaram os cães da tempestade, dando-lhes nomes como "Shadow" e "Betty Rubble".

    Thron trouxe Duke para casa, um dos primeiros cachorros que encontrou vagando entre os grandes contêineres marítimos.

    "Encontrá-lo aqui no meio de tudo, antes que eles fizessem qualquer limpeza, foi bastante emocionante", disse ele. "Eu cresci com cães, mas ele é o primeiro que é meu de verdade. Você vê o que eles têm passado. Apenas... Não sei, eles precisam de lares."


    Este post foi traduzido do inglês.

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