Como Steve Bannon se tornou o homem forte da administração Trump

    Na campanha, o então editor de um site de extrema-direita ganhou poder ao fazer ataques ferozes a republicanos moderados e ao adotar elementos racistas e de nacionalismo branco. Agora, o final de semana caótico revelou que Bannon está no controle.

    WASHINGTON — Apesar de caótico, o último fim de semana trouxe um pouco de clareza: Steve Bannon é a força central na Presidência de Donald Trump.

    O pânico se instaurou na noite da última sexta-feira (27) até sábado (28), com pessoas viajando a pressas, refugiados com visto detidos em aeroportos e diversos protestos, após um decreto do presidente Donald Trump banir a entrada de imigrantes de sete países majoritariamente muçulmanos nos Estados Unidos. Foi a última evidência de que Trump irá romper radicalmente com as atuais normas de imigração dos EUA, como ele havia prometido durante sua campanha.

    Então, na noite de sábado (28), em meio ao caos, a Presidência publicou uma nota que informava sobre a reorganização do Conselho de Segurança Nacional e que dava a Steve Bannon, o estrategista-chefe de Trump, um assento no grupo interdepartamental de alto escalão que tem mais acesso do que o diretor de inteligência nacional e o presidente da Junta de Chefe de Estado-Maior.

    O movimento deixou claro que a figura central na equipe da Casa Branca, e um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos, agora é Bannon. E suas impressões digitais estavam por todo o decreto de Trump que baniu temporariamente a entrada de refugiados nos EUA.

    E, à medida que Bannon, que no passado dirigiu o site conservador Breitbart, emerge como essencial à administração, ele também se tornará alvo da oposição a Trump. A primeira hashtag do Twitter por algum tempo no domingo foi #StopPresidentBannon. (#PareOPresidenteBannon).

    Bannon ganhou poder ao usar o site Breitbart para fazer ataques ferozes a republicanos mais moderados e ao adotar elementos racistas e de nacionalismo branco do Partido Republicano — embora ele tenha mais tarde repudiado posições que defendiam o nacionalismo branco. Em vez disso, Bannon e seu íntimo aliado da Casa Branca, Stephen Miller, se projetaram como velhos nacionalistas. E, em uma semana, os dois montaram um claro centro de poder na Casa Branca. Bannon não respondeu aos pedidos da reportagem para comentários.

    Bannon e Miller foram quem escreveram o discurso de posse de Trump que se referia à "carnificina americana", e então passaram os próximos dias escrevendo decretos para impedi-la. Enquanto o plano do muro da fronteira com o México não era segredo, uma ordem de fiscalização interna relacionada continha elementos teatrais e conflituosos: negar financiamento federal às chamadas cidades-santuário (locais que geralmente se recusam a cooperar com a agência americana ligada a deportações), a divulgação de crimes cometidos por imigrantes ilegais em cidades-santuário e a remoção de proteções de lei de privacidade.

    Bannon, que apoia um imposto de adequação de fronteira lançado pela administração, ainda conseguiu encontrar consenso sobre o assunto com o congressista Paul Ryan, que havia sido anteriormente chamado de "globalista". Isto, no entanto, foi antes de Ryan descrever o plano como sendo de um "nacionalismo responsável", de acordo com um relatório da Axios

    Além disso, Bannon e Miller supostamente passaram por cima da orientação do Departamento de Segurança Nacional de que detentores do green card não deveriam ser afetados, de acordo com a CNN, o que o Chefe de Gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, negou no programa "Encontro com a Imprensa", da NBC, no último domingo. Pessoas com residência permanente legal nos EUA ainda encarariam avaliações e questionamentos adicionais, acrescentou Priebus.

    Uma fonte próxima à administração de Trump louvou Bannon como "alguém que entende bem o sentimento populista que foi defendido pelo presidente durante a campanha" e efetivamente implementaria essa visão.

    Quanto ao Conselho de Segurança Nacional, a fonte enfatizou que Bannon não está suplantando os oficiais militares e de inteligência, mas apenas sendo acrescentado ao grupo, porque ele é um dos "principais especialistas em movimentos populistas e nacionalistas do mundo". Bannon expôs suas opiniões detalhadamente em um discurso de 2014, reportado pelo BuzzFeed News.

    No entanto, fontes republicanas que estão em contato com o novo governo disseram ao BuzzFeed News que veem os acontecimentos da primeira semana de governo Trump como uma forma de Bannon consolidar seu poder. E uma reportagem da Axios de domingo observou que Bannon "encheu a econômica equipe da administração com agentes que eram a favor, ou pelo menos abertos, a seus planos nacionalistas" e que, durante a transição, "ele idealizava um plano de governo que fosse precisamente antenado com a base de Trump, com um inteligente alcance a sindicatos e minorias por meio de um plano que exige infraestrutura".

    A única ameaça real ao poder de Bannon parece ser Trump, que no passado encorajou a competição entre seus conselheiros como uma forma de limitar o poder de qualquer indivíduo. No entanto, ainda não expressou nenhuma preocupação aparente de que o ex-presidente da Breitbart esteja conduzindo a programação de sua administração.

    Bannon, pelo menos, pode ver seu papel em termos históricos. Em uma entrevista ao The Hollywood Reporter, ele se comparou a Thomas Cromwell, o ministro-chefe do rei Henrique 8º, no século 16.

    Cromwell se tornou o conselheiro mais confiável do rei, ajudando a iniciar a reforma inglesa e "dando força às grandiosas declarações de Henrique". A versão da história de Bannon, contudo, deixou o final de fora: Cromwell foi executado por traição por um rei instável.

    Colaborou Tarini Parti.

    Este post foi traduzido do inglês.

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