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Esta deputada enquadrou Eduardo Bolsonaro: "Baixe o nariz, aqui é de igual pra igual"

Na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o clima pesou. Deputados reclamam da soberba do 3º filho do presidente, que fica dando risadinhas e olhando pro teto quando os outros falam...

Às 11h30 da manhã de quarta (20), os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) travavam, em meio à Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara, uma discussão acalorada sobre pedidos de autógrafo feitos para Donald Trump durante viagem do clã presidencial aos Estados Unidos. Era o primeiro dia de Eduardo na presidência da comissão. Então uma voz feminina falou mais alto nos microfones:

“Você está muito de salto alto, presidente. Baixe o nariz, aqui é de igual para igual, não é de cima para baixo.”

Era a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP). A frase não tinha nada a ver com a discussão entre os colegas, mas mostrava a insatisfação de parte dos parlamentares com a presidência de Eduardo Bolsonaro no colegiado e, de forma mais ampla, com a condução política do governo no Congresso Nacional.

O rompante de Bruna Furlan foi motivado pelo que ela classificou como um visível ar de soberba e arrogância do terceiro filho do presidente da República.

“Enquanto os outros deputados falavam, ele ficava olhando para o teto, dando risadinhas, coisas muito desrespeitosas. Agir com soberba não vai levar ele a lugar nenhum. Aqui não vai falar de cima para baixo com ninguém, essa postura tem incomodado muito”, disse ela ao BuzzFeed News após a reunião da comissão.

Durante a sessão, a deputada não foi a única a expressar publicamente sua insatisfação com Eduardo Bolsonaro.

Ao receber a pauta de votações, o veterano Rubens Bueno (PPS-PR) estranhou os itens a serem apreciados.

A maioria das matérias era de autoria do próprio presidente da Comissão, Eduardo Bolsonaro, ou do vice-presidente do colegiado, que também é do PSL, o "príncipe" Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP).

“Eu estou vendo aqui sete requerimentos. Os sete PRIMEIROS requerimentos do presidente da comissão de Relações Exteriores. Na PRIMEIRA semana, no PRIMEIRO dia. Isto mostra que não há nem o espírito democrático e de respeito a essa bancada que está aqui”, disse Rubens Bueno.

Veja o vídeo:

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) teve sua “soberba" e “falta de espírito democrático” criticadas por Bruna Furlan (PSDB-SP) e Rubens Bueno (PPS-PR), no primeiro dia do filho do presidente no comando de uma comissão na Câmara.

Bueno frisou que o fato não era regimentalmente irregular, mas destacou que os dirigentes do colegiado deviam zelar por um ambiente saudável na comissão, uma vez que os parlamentares que estão ali trabalharão juntos durante os próximos quatro anos.

“[A pauta mostra a] falta de bom senso, equilíbrio e espírito democrático para com essa bancada”, completou.

A reunião desta quarta, além de ter sido a primeira presidida por Eduardo Bolsonaro na CRE, também marcou o regresso do deputado ao Brasil após acompanhar o pai, o presidente Jair Bolsonaro, em viagem aos Estados Unidos.

Na viagem, a participação de Eduardo na reunião entre Bolsonaro e Donald Trump fez com que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tivesse um chilique.

Segundo noticiou a Folha de S.Paulo, a crise de ciúmes beirou o descontrole e Araújo precisou ser contido.

Na falta de um médico, a contenção sobrou para o Posto Ipiranga: coube ao ministro da Economia, Paulo Guedes, acalmar o chanceler.

A relação entre Eduardo e Ernesto Araújo, inclusive, é vista com preocupação por parte dos integrantes da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Soberba atrapalha reformas

Bruna Furlan disse que “não é nada bom para o país” que o filho do presidente da República atue como se fosse o chanceler de fato.

Ela ainda comparou o que está acontecendo no microcosmo da Comissão de Relações Exteriores com o cenário mais amplo da Câmara dos Deputados e o mais importante desafio do governo Bolsonaro: a votação da reforma da Previdência.

A tucana está entre os parlamentares que defendem a reestruturação do sistema de aposentadoria, mas tem dúvidas sobre a viabilidade da reforma sob a gestão Bolsonaro.

Para a deputada, Bolsonaro não tem condições de liderar um processo político que garanta uma verdadeira reforma na Previdência.

Ela exemplificou alguns dos pontos que considera erros na articulação do presidente com os parlamentares, a começar pela escolha das lideranças no Parlamento.

“A líder [do governo no Congresso, Joice Hasselmann, do PSL de São Paulo] é de primeiro mandato. Eles montaram time ruim, a líder não conhece ninguém e ninguém a conhece”, disse Bruna Furlan.

Sem citar o nome do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), ou o do líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), emendou:

“No PSL é major isso, é major aquilo. É uma coisa corporativista”.

A política nas mãos dos youtubers

A tucana ainda criticou o discurso sobre o fim do toma-lá-dá-cá, exaustivamente repetido por Bolsonaro.

“Eu estou no terceiro mandato e nunca participei de nada disso. Essa generalização incomoda muito, e não somente a mim”, disse.

“O ambiente no Congresso está muito ruim. Quer tirar a política das mãos dos políticos e colocar nas mãos de youtubers? Eles estão mais preocupados em gravar vídeos para as redes que resolver os problemas do Brasil”, completou.

Bruna Furlan também criticou a postura do governo com potenciais aliados em sua agenda de reformas e citou o seu PSDB como exemplo.

Mesmo ponderando que não é líder e nem fala pela bancada, admitiu a existência um grande descontentamento entre tucanos. Deu como exemplo a fala de um deputado do PSL, no caso, do Coronel Tadeu (SP), que em reunião da Comissão de Constituição e Justiça chamou o ex-governador Geraldo Alckmin de assassino.

"Estão agredindo as pessoas do PSDB. Fazem agressões fora de contexto. A insatisfação é grande."

Por fim, a deputada ponderou que, enquanto o governo não resolver seus problemas de articulação, até mesmo matérias de menor relevância podem ser barradas pelos parlamentares, que ganharão tempo esticando prazos e a corda política com embates como o que trata do pedido de autógrafo a Donald Trump.

Na sessão de ontem da comissão, Eduardo deixou claro que esse autógrafo nunca foi solicitado por Jair Bolsonaro ao chefe dos Estados Unidos. Só que foi ele mesmo, Eduardo, que fez o pedido, em nome do pai.

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