O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, relatou ao então juiz Sergio Moro uma conversa em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux declarou que os procuradores poderiam contar com ele "para o que precisarmos". É a primeira vez que aparece o nome de um ministro do Supremo desde que o site The Intercept Brasil passou a divulgar, no último domingo (9), mensagens de Deltan Dallagnol
A transcrição foi entregue ao jornalista Reinaldo Azevedo, da rádio BandNews, pelo editor-executivo do Intercept, Leandro Demori. Segundo o site, a conversa ocorreu em 22 de abril de 2016, após Michel Temer assumir provisoriamente a Presidência enquanto a titular Dilma Rousseff enfrentava a etapa final do processo de impeachment.
"Reservado, é claro: O Min Fux disse espontaneamente que Teori [Zavascki] fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos (...)", relatou Deltan no que seria uma mensagem enviada a um grupo de colaboradores e depois repassada a Moro.
Segundo o site, o juiz respondeu: "Excelente. In Fux we trust."
Não há ilegalidade no fato de Deltan conversar com Fux, mas a divulgação da conversa gera constrangimento para o ministro do Supremo Tribunal Federal.
Foi Fux que proibiu o jornal Folha de S.Paulo de entrevistar o ex-presidente Lula em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral.
A conversa envolvendo Fux intensifica a crise enfrentada pelo ministro Sergio Moro, cujos questionamentos de suspeição vêm crescendo desde que sua proximidade com Dallagnol começou a ser exposta no último domingo. Nesta quarta, ele se encontrou pela segunda vez com o presidente Jair Bolsonaro desde que as primeiras mensagens vieram à tona.
Nem Fux, nem Moro nem Deltan se manifestaram sobre a revelação do diálogo lido no programa BandNews. O Intercept afirma que recebeu um lote de mensagens trocadas por integrantes da força-tarefa entre 2015 e 2018 de uma fonte anônima, que seria um hacker que conseguiu copiar os arquivos do aplicativo de mensagens Telegram, usado por integrantes da força-tarefa.