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Estas fotos de animais resgatados vão te fazer chorar de alegria

Como a maioria desses resgatados vem de locais extremamente cruéis, como abatedouros e fazendas industriais, o cuidado e a paciência excepcionais de Isa foram fundamentais para estabelecer a confiança entre animal e artista.

Handsome One, um cavalo puro-sangue de 33 anos, foi entregue a um santuário quando se aposentou das corridas.

Durante quase uma década, a fotógrafa Isa Leshko viajou pelos Estados Unidos visitando santuários que oferecem refúgio para animais de fazenda idosos em uma indústria que abate mais de 8 bilhões de animais terrestres por ano.

Seu novo livro, "Allowed to Grow Old" ("Autorizados a envelhecer", em tradução livre), é uma coleção de retratos intimistas dos animais que ela conheceu em suas jornadas. Em cada foto, Isa Leshko aborda seus personagens com a mesma dignidade com que abordaria um ser humano, dedicando seu tempo a entender as personalidades de cada um deles. Como a maioria desses resgatados vem de locais extremamente cruéis, como abatedouros e fazendas industriais, o cuidado e a paciência excepcionais de Isa foram fundamentais para estabelecer a confiança entre animal e artista.

Abaixo, Isa Leshko compartilha com o BuzzFeed News algumas das suas fotos favoritas de seu novo livro e conversa sobre a importância de santuários de animais de fazendas industriais nos dias de hoje.

O que exatamente é um santuário de animais e quais são os animais que vão para esses refúgios?

Há uma placa na entrada do Pasado's Safe Haven Sanctuary, em Sultan, Washington, que diz: "Doces criaturas que passam por esse caminho assustadas e sozinhas... Agora vocês estão seguras; agora vocês estão em casa".

Isso resume perfeitamente o que torna os santuários de animais especiais. Eles são dedicados a reabilitar e fornecer lares permanentes para os animais resgatados.

A cada ano, de 50 a 70 bilhões de animais passam por fazendas industriais em todo o mundo. A maioria é abatida nos primeiros seis meses de vida. Estar na presença de um animal idoso não é nada menos que um milagre.

Blue, um cão resgatado da raça Kelpie australiano, foi um companheiro por 21 anos.

Esses animais normalmente vêm de circunstâncias horríveis, e é frequente que estejam quase morrendo quando chegam aos santuários. Alguns são encontrados vagando depois de pularem de caminhões que os transportavam para mercados vivos e abatedouros. Outros são resgatados após investigações sobre crueldade conduzidas pela polícia local. Há alguns que foram encontrados depois de serem abandonados durante furacões e enchentes, enquanto outros foram largados por fazendeiros que faliram. Em raras ocasiões, eles eram animais de estimação amados cujos guardiões não puderam mais cuidar deles.

Nesses santuários, os animais são tratados como indivíduos. Cada um recebe um nome e cuidado especializado de acordo com suas diferentes preferências e necessidades. Animais resgatados normalmente precisam de reabilitação e amplos cuidados veterinários. Por isso, muitos santuários ficam próximos a escolas veterinárias, onde eles recebem cuidados médicos surpreendentemente sofisticados. Alguns morrem, mas aqueles que sobrevivem conseguem viver o resto de seus dias em paz e com conforto.

Sierra, um peru holandês branco de três anos, foi resgatado ainda filhote de uma incubadora comercial que fornecia perus para fazendas industriais.

Animais que vivem em santuários têm um espaço amplo onde podem ter os comportamentos naturais que normalmente lhes são negados em fazendas comerciais. Galinhas cochilam ao sol e tomam banhos de poeira. Porcos vagueiam pelos pastos e mergulham em poças de lama. Dormem em feno fresco aconchegados com seus amigos suínos. Essa é outra diferença fundamental: em santuários, os animais conseguem formar laços de amizade com outros animais porque não ficam constantemente estressados com o desconforto em que vivem.

Quais foram alguns dos obstáculos que você enfrentou ao trabalhar com animais vivos?

Eu abordei essas imagens como retratos, então, era essencial que os animais estivessem bem relaxados na minha presença. Animais resgatados são cautelosos com estranhos — normalmente, eu levava algum tempo para conseguir estabelecer uma relação confortável com meus modelos. Era frequente passar horas deitada ao lado de um animal antes de fazer uma foto.

Violet, uma porca vietnamita de 12 anos, nasceu com as patas traseiras parcialmente paralisadas e foi entregue a um santuário porque seu guardião não podia lhe oferecer cuidados adequados às suas necessidades especiais.

Eu usava o menor número possível de materiais para não assustá-los. Não usei nenhum equipamento de iluminação, o que às vezes era desafiador em celeiros com pouca luz. Para conseguir ser o mais ágil possível, raramente usava tripés. Até mesmo os animais idosos conseguem se mover com rapidez. Também não os coloquei em locais específicos, optando por segui-los aonde quer que eles fossem.

Fotografei os animais na altura dos olhos porque queria que as pessoas os encarassem diretamente nos olhos quando vissem as imagens. Consequentemente, passei muitas horas deitada em estrume, me contorcendo em posições desconfortáveis. Eu ficava bem suja e dolorida no fim do dia.

Você descreveu essa série como uma resposta ao seu medo de envelhecer — como a conclusão desse trabalho te ajudou a lidar com esses medos?

Estar em volta de animais de fazenda que desafiaram todas as probabilidades para chegar a uma idade avançada me ensinou que envelhecer é um luxo, não uma maldição. Espero que, ao ficar idosa, eu encare meu declínio com a mesma dignidade mostrada por esses animais nos meus retratos.

Este galo, de idade desconhecida, foi sobrevivente de uma fazenda industrial.

A resiliência desses animais também me inspirou. Eles suportaram traumas muito cedo na vida, e ainda assim se recuperaram física e emocionalmente. Depois de muito tempo, encontraram paz — e até mesmo alegria — em suas vidas. Aprenderam a amar seus cuidadores apesar de terem todas as razões para não confiar em humanos. Minhas imagens são testamentos da sobrevivência deles.

O que foi surpreendente no trabalho com animais de fazendas industriais?

Eu nunca tinha dedicado tempo a animais de fazendas industriais antes de trabalhar nesse projeto. Fiquei surpresa ao ver como o comportamento deles é semelhante ao de cachorros e gatos que já conheci. Ovelhas me cutucaram para eu lhes dar atenção da mesma forma que cachorros fazem quando você para de alisá-los. Fiquei abraçada com perus e galinhas no meu colo.

No Indraloka Farm Sanctuary, em Mehoopany, Pensilvânia, presenciei um porquinho chamado Jeremiah pulando de euforia depois de ver seu amigo humano favorito se aproximando de seu cercado. Ele chegou ao santuário quase morto e precisou de cuidado ininterrupto.

Também teve Melvin, um bode Angorá que morava num abrigo em Orland, Califórnia. Foi um dos animais mais amigáveis que conheci. Ele cumprimentava qualquer visitante que se aproximasse de seu cercado, colocando os cascos dianteiros em cima da cerca. Foi difícil fotografá-lo porque ele não parava de me dar cabeçadas sempre que eu me agachava. Eu ri durante a maior parte do tempo que passei com ele.

Abe, um bode Alpino de 21 anos, foi entregue a um santuário depois que seu guardião foi para uma instituição de vida assistida.

O que você espera que as pessoas apreendam dessas imagens?

Ao revelar a dignidade de animais idosos, eu convido as pessoas a pensarem sobre o que se perde quando esses animais são abatidos na juventude. Produtos animais são onipresentes, mas os animais de fazenda em si são culturalmente invisíveis. Carne é comercializada de uma maneira que apaga a presença deles. Carne de porco é chamada de bisteca; a de vaca vira bife. Isso acontece porque é mais fácil ignorar as implicações éticas do consumo de produtos animais quando você esquece de onde eles vieram. Eu devo muito das minhas reflexões a respeito disso ao livro brilhante de Carol Adams "A Política Sexual da Carne".

Minhas imagens colocam luz sobre os animais de fazenda e encorajam as pessoas a pensarem na vida que eles levam. Abordei essas imagens como retratos porque quero que os leitores reconheçam que animais de fazenda são seres sencientes com personalidades distintas. Isso não significa que eles são como os personagens antropomórficos de "A Menina e o Porquinho". Mas eles pensam e sentem sim.

Ash, um peru de peito largo branco de oito anos, foi sobrevivente de uma fazenda industrial.

Este post foi traduzido do inglês.

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