Najila Trindade, 26 anos, que acusa o jogador Neymar de estupro, afirmou nesta quarta-feira (6) que viajou a Paris com “intuito sexual”, mas que o jogador foi agressivo, bateu nela e fez sexo sem consentimento. Segundo ela, o estupro aconteceu no dia 15 de maio e a deixou traumatizada.
Em entrevista exclusiva ao repórter Roberto Cabrini, do SBT, ela afirmou que disse a Neymar que não transaria sem preservativo e que mesmo assim ele a virou de costas, a penetrou e bateu em suas nádegas, deixando hematomas.
Najila contou que eles se conheceram pelo Instagram e começaram a trocar mensagens por WhatsApp e que viajou a Paris com intenção de manter relações sexuais com o jogador.
"Ele pagou a passagem. Ele pagou o hotel. A gente conversou como uma pessoa comum, era um intuito sexual, um desejo meu. Ele perguntou quando eu poderia ir, eu disse que por questões financeiras não poderia ir. Daí ele sugeriu 'eu posso resolver isso'. Eu fui com a passagem", disse.
Segundo ela, quando já estava no hotel, o jogador enviou uma mensagem falando que ia para festa mas iria passar antes para vê-la. No hotel, relatou, a história mudou.
"Eu tinha um desejo de ficar com Neymar. Quando cheguei lá ele estava agressivo, totalmente diferente do cara que conheci das mensagens. Como tinha muita vontade de ficar com ele, falei ok vou tentar manejar aqui", disse.
"A gente começou a trocar carícias, ficar beijar, até aí tudo bem. Só que depois ele começou a me bater. Depois começou a me machucar muito. Eu falei para que está doendo", continuou.
O estupro começou, segundo o relato dela, no momento em que ela perguntou se o atleta havia levado preservativo.
"'Você trouxe preservativo?' Porque eu não tenho. Não vai acontecer nada além daquilo. Ele não respondeu nada. Ele me virou, cometeu o ato, pedi para ele parar. Enquanto ele cometia o ato continuou batendo na minha bunda violentamente. Eu me girei. Falei: 'não, para'. Ele não se comunicava muito, ele só agia", relatou.
"A partir do momento que ele se tornou agressivo, de quando tinha levado preservativo, então falei 'não podemos, só vamos trocar carícias', ele [ficou em] silêncio e entendi [que o jogador estava] concordando. Quando ele se virou já foi cometendo ato. Ele ficou calado. Para mim ele tinha entendido que não poderia ir além daquilo", declarou.
O jornalista perguntou quando, na visão dela, a relação sexual consensual se transformou em um ato de estupro. Najila respondeu: "A partir do momento que ele me segurou violentamente, me batendo, ele estava me obrigando a ficar naquele lugar. Sem uso de preservativo."
Najila afirmou que manteve um diálogo com ele por WhatsApp no dia seguinte porque, segundo ela, queria juntar provas contra o jogador.
"Se eu não falasse com ele normalmente, fingindo que eu não tinha entendido o que aconteceu, ele não iria mais falar comigo e eu não teria como provar o que ele fez comigo", disse.
"Eu não acho que só porque eu estava a fim de ficar com ele, ele tinha o direito de fazer aquilo comigo", disse.
"Não precisava ter feito aquilo comigo. Eu já estava ali pra isso, era um desejo meu, sou livre, desimpedida, nós iríamos ficar, eu ia para casa e tudo certo."
Ela também repeliu as insinuações de que acusou Neymar de estupro para tentar melhorar a sua situação financeira.
"Teria uma forma mais fácil e mais rápida do que todo esse auê, sem todo esse escândalo. Não preciso disso, ir até o Neymar para conseguir dinheiro. Tenho trabalhos e muita coisa para fazer. Eu não ia me expor dessa forma para arrancar dinheiro do Neymar. Desculpe, eu não preciso disso", afirmou.
Suposta extorsão
Najila afirmou ainda que não sabia da suposta tentativa de extorsão por parte do advogado que a representava inicialmente, José Edgard Bueno. O advogado, que deixou o caso, negou que tenha pedido dinheiro aos advogados de Neymar.
"Inclusive ele não queria deixar que eu prestasse queixa", disse sobre o primeiro advogado. Segundo ela, ela não tomou conhecimento que o advogado teria pedido uma indenização em nome dela.
"Ele [o advogado] não estava acreditando totalmente em mim. Senti preconceito da parte dele. Ele disse que você vai ter que cortar a unha, vamos ter que levar isso para a frente. Deu a entender que 'você não foi estuprada, deu porque quis, vou isentar essa parte. Vou falar agressão porque tenho as provas que foram as fotografias'", relatou Najila, na entrevista.
O atual advogado de Najila, Danilo Garcia de Andrade, disse em entrevista coletiva nesta noite que Najila deverá prestar depoimento na sexta-feira, às 11h, na Delegacia de Defesa da Mulher em Santo Amaro, em São Paulo.
O novo advogado afirmou que o vídeo em que ela é supostamente agredida por Neymar foi gravado por Najila, em Paris, no dia 16. O vídeo será entregue à polícia na próxima semana.
“Houve a agressão e o estupro é o seguinte: Se eu não uso preservativo e ela não quer [fazer sexo], se eu insisto, é estupro”, disse Garcia de Andrade.
O advogado afirmou que, segundo Najila, ela procurou um médico particular para fazer um laudo porque foi orientada por José Edgard Bueno.
“Quando o Neymar entrou no quarto, ele estaria um pouco alterado”, disse o advogado de Najila.
Garcia de Andrade afirmou que Najila teve as passagens e hospedagem pagas por Neymar, mas que não recebeu dinheiro. Ela teria viajado com mil euros.
“Ela alega que foi a França para ter uma relação consensual. Ela não foi paga para ir a França. O Neymar não tinha camisinha naquele momento e ele a teria agredido”, disse o defensor.
Em vídeo divulgado no início da semana, Neymar nega que tenha cometido estupro ou outra agressão.