Notícias falsas já desmentidas por veículos de mídia ou organizações independentes continuam mais vivas do que nunca – e estão entre as mais compartilhadas – em grupos públicos de WhatsApp no segundo turno da eleição brasileira.
O monitoramento da rede social pelo projeto Eleições Sem Fake, uma ferramenta de coleta de dados de 350 grupos de WhatsApp de conteúdo político criada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), mostrava como um dos conteúdos mais compartilhados na quarta-feira (10) um velho conhecido das agências de checagem: a nomeação do deputado Jean Wyllys (PSOL) como ministro da Educação em um eventual governo de Fernando Haddad (PT).
Tanto o PT quanto o PSOL já desmentiram que qualquer convite a Jean Wyllys, único deputado declaradamente gay da atual legislatura da Câmara dos Deputados, mas a notícia falsa continua circulando de forma aparentemente viral.
Acima de uma foto de Haddad abraçado com o congressista do PSOL, há o apelo: "Compartilhe bastante isso. Depois não tem jeito." Na parte inferior de imagem está a novidade, um enunciado dirigido ao eleitorado evangélico: "Indicação de Haddad para ministro da Educação. Depois não adianta orar para Deus dar livramento aos seus filhos."
Como o WhatsApp é criptografado de ponta a ponta, não é possível saber como este tipo de informação circula dentro do aplicativo, que é o mais popular entre os brasileiros com smartphone.
Estudiosos afirmam, contudo, que os grupos públicos seriam uma espécie de porta de entrada do conteúdo que acaba sendo depois compartilhado em grupos privados, como aqueles de família e de amigos.
Outra fake news bastante é a montagem de uma foto em que o candidato do PT aparece segurando um brinquedo sexual. Na foto original, Haddad segura uma garrafa de catuaba.
Outra lorota popular na primeira semana do 2º turno é uma montagem de imagens que mostram um falso tuíte atribuindo a petista um apelo "vamos todos viralizar palavras de ódio contra nordestinos, com perfil de apoiadores de Bolsonaro. Temos que colocar o Nordeste contra o Brasil."
Guerra de costumes
No subterrâneo dos grupos de WhatsApp, a eleição é travada no campo dos costumes e é ali aparentemente que os apoiadores de Bolsonaro dão uma surra no PT.
Há uma série de peças de propaganda que, ao comparar Bolsonaro com Haddad, associa o capitão do Exército com imagens de ordem e patriotismo ao mesmo tempo em que liga o candidato petista a fotografias de indisciplina escolar, traficantes armados e ricos à beira de uma piscina recebendo o Bolsa Família.
Uma das peças é bastante apelativa: opõe crianças brincando abaixo do "Bolsonaro – Vote 17" e dois adolescentes do mesmo sexo se beijando sob a divisa "Haddad – Vote 13." Como na foto abaixo: